Afinal, o princípio de tratamento igual entre países ao abrigo do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira não é tão automático como Jean-Claude Juncker fez pensar há uma semana, baseado em critérios de amizade do presidente do Eurogrupo para com Portugal e Irlanda. Os dois países não deverão beneficiar da carência de juros concedida à Grécia, e não é certo que beneficiem do alargamento dos prazos e na redução das taxas. Vale a pena recordar as declarações de Juncker sobre este assunto.
“Tomámos a decisão há meses, ou mesmo há mais de um ano, que temos que aplicar as mesmas regras aos outros países sob programa, e iremos abordar isso na próxima reunião. Se há alguém nesta sala que é amigo de Portugal e da Irlanda, que fazem parte dos meus países preferidos na Europa, por razões óbvias, sentimentais e pessoais, sou eu. Portanto, o assunto será tratado de forma a que nem Portugal nem Irlanda fiquem insatisfeitos”, disse
“Não tenho a impressão de que o eurogrupo esteja em condições de dar um tratamento semelhante, igual, a estes países”, afirmou. “Vamos analisar, mas isto não é uma indicação de alguma coisa vai mudar”, acrescentou.
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Confrontado ontem com a contradição das suas afirmações, o presidente do eurogrupo esclareceu que, na semana passada, foi surpreendido pelos jornalistas portugueses “num canto escuro” e “em condições desconfortáveis”. “Percebi mal a pergunta porque nem sequer a ouvi”, frisou.
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