Aprender com a Islândia

04/01/2012
Colocado por: Rui Peres Jorge

 

Porto de Reykjavikna Islândia em Setembro de 2011 Fonte: Paul Taggart/Bloomberg

 

Há uns dias publicámos no Negócios um trabalho sobre o anunciado empobrecimento português comparando a evolução de algumas das principais variáveis económicas com as registados nos outros países que experimentarem desvalorizações internas (Irlanda, Grécia, Letónia e Islândia, esta última registou também desvalorização cambial).

 

A principal conclusão era a de que Portugal só está a iniciar a sua fase descendente. Uma segunda reflexão importante, partilhada por João César das Neves e Pedro Rodrigues, é a de que Portugal não deverá sofrer um ajustamento com a mesma violência. Finalmente, explicava-se a desvalorização interna, e fazia-se uma comparação com as restantes economias, para um conclusão incipiente:a Islândia, que optou por uma desvalorização cambial, teria conseguido, apesar de tudo, um bom resultado. Especialmente se comparada, por exemplo, com a Letónia, que podia desvalorizar o câmbio, mas não o fez.

 

Um estudo publicado por Zslot Darvas, no Bruegel, analisa de forma profunda e mais abrangente os casos da Irlanda, Letónia e Islândia – os países das grandes crises bancárias, para concluir que a Islândia escolher o “mix de política correcto”, de onde se destaca a desvalorização cambial e resolução imediata de bancos faltosos.

 

Eis o que as principais conclusões de Zsolt Darvas:

 

1) Iceland, Ireland and Latvia experienced similar developments before the crisis. However, the crisis hit Latvia harder than any other country, and Ireland also suffered heavily, while Iceland exited the crisis with the smallest fall in employment, despite the greatest shock to the financial system.

 

2) There were marked differences in policy mix: currency collapse in Iceland but not in Latvia, letting banks fail in Iceland but not in Ireland, and the introduction of strict capital controls only in Iceland. The speed of fiscal consolidation was fastest in Latvia and slowest in Ireland. Recovery has started in all three countries.

 

3) Iceland seems to have the right policy mix. Internal devaluation in Ireland and Latvia through wage cuts did not work, because private-sector wages hardly changed. Productivity increased significantly in Ireland and moderately in Latvia, but only because employment fell more than output, with harmful social consequences.

 

4) The experience with the collapse of the gigantic Icelandic banking system suggests that letting banks fail when they had a faulty business model is the right choice.

 

5) There is a strong case for a European banking federation.

 

     

Rui Peres Jorge