Há números que de facto contam. Este ano, apenas em dívida que chega à maturidade, as maiores economias do mundo vão precisar de 7,6 biliões de dólares (triliões em métrica anglosaxónica). Deste montante, três biliões vão para o Japão e 2,8 biliões para os EUA. França, Alemanha e Itália somam mais de um bilião. A este montante juntar-se-ão os défices orçamentais do ano, vincam analistas ouvidos pela Bloomberg.

Da peça da agência que fez a contabilização evidenciamos outra análise:

“The buyer base for peripheral Europe has obviously shrunk at the same time that the supply coming to the market is increasing, which is not a good combination,” said Michael Riddell, a London-based fund manager at M&G Investments, which oversees about $323 billion.

A inundação de liquidez que o BCE colocou junto dos bancos tem permitido descidas de juros na Europa, com Portugal incluído, como revela o leilão de hoje. Em Fevereiro, o BCE realiza o segundo leilão a três anos, o que deverá garantir uma primeira metade do ano fácil. Já para o resto ano…

Portugal, que conta com financiamento internacional, não sofre grande pressão (a não ser que o próprio FEEF fique numa situação de difícil acesso a mercado), mas olhando apenas para a Europa, os desafios são grandes, como evidenciou a UTAO, recentemente: no seu conjunto, e considerando dívida que matura e défices, a Zona Euro terá de emitir 1,56 biliões de euros (cerca de dois biliões de dólares). Eis o quadro da autoria dos técnicos parlamentares:

Nota importante: “Para Portugal considerou-se a informação do Staff Report do FMI relativa à 2.ª avaliação do PAF e excluiu-se deste apuramento o montante destinado à recapitalização do sistema bancário e ao financiamento líquido de outros instrumentos de dívida, os quais, no seu conjunto, foram estimados pelo FMI em 9 mil M€ para o ano 2012 (caso fosse incluído o referido montante, as necessidades brutas de financiamento totalizariam 42,1 mil M€)”

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Rui Peres Jorge

Rui Peres Jorge é jornalista da secção de Economia do Negócios e editor do “massa monetária”. Começou no Semanário Económico em 2002. É mestre em Economia Monetária e Financeira pelo ISEG e pós-graduado em Contabilidade Pública, Finanças Públicas e Gestão Orçamental pelo IDEFE/ISEG, duas das suas áreas de especialização em jornalismo. Conta com cursos de formação em jornalismo económico na Universidade de Columbia em Nova Iorque (Citi Journalistic Excellence Award, 2009) e em jornalismo no Committee of Concerned Journalists em Washington (Bolsa da FLAD, 2010). Ganhou vários prémios na sua área de especialização. Lecciona a cadeira de Jornalismo Económico na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica. Nasceu em 1977 e vive em Lisboa.

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