Depois de há uma semana ter dado conta de uma degradação das relações entre Mario Draghi e Jens Weinmann (pelos vistos o presidente do Bundesbank fugirá de Draghi como da peste), a Reuters avançou esta semana que vários governadores estarão a contestar a forma de liderança do presidente do BCE que, queixam-se, é pouco colegial.
Em causa estão afirmações surpresa de Mario Draghi que condicionaram a actuação do BCE a favor de uma política monetária mais expansionista, contra a vontade Weidmann, de vários governadores que se oporão à compra de activos pelo BCE, e contra a vontade de economistas de relevo na Alemanha.
Em particular, segundo a agência noticiosa, os governadores terão ficado incomodados com a referência a um indicador de inflação de médio prazo no já famoso discurso de Jackson Hole, no final de Agosto, nos EUA, o qual permite avaliar a distância a que o banco central está de cumprir o seu mandato de manter as expectativas de inflação perto, mas abaixo de 2%
A piorar o ambiente esteve a explicitação por Mario Draghi de uma meta indicativa para a expansão do balanço do BCE em 1 bilião de euros em dois anos, uma medida segundo a qual os programas de compras de activos começarão a ser medidos – e que muitos pensam que não será atingível sem comprar dívida pública – o que enerva anda mais Weidmann e companhia.
Mario Draghi contestou a ideia de que haveria um motim dentro do BCE levando quinta-feira para a conferência de imprensa do BCE uma posição comum do Conselho a favor da expansão do balanço em 1 bilião de euros, e a garantia de que há consenso em ir mais longe caso se revele necessário.
Os dois exemplos citados pela Reuters esta semana não são uma estreia na capacidade do Presidente do BCE surpreender o mundo e os seus colegas de Conselho. A garantia, em Julho de 2012, de que faria tudo o que fosse preciso para salvar a Zona Euro marcou um estilo do homem que chamam Super Mario. Vale a pena recapitular discursos e indicadores.