Comissão diz: eu prevejo melhor do que o FMI!
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Herman
Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, Durão Barroso, presidente
da Comissão Europeia, e Christine Lagarde, do dictora-geral do FMI na
sessão de homenagem a Trichet na sua saída do BCE Fonte: Hannelore Foerster / Bloomberg
A
crise não afectou significativamente a qualidade das previsões de
Bruxelas, conclui a Comissão Europeia num recente estudo de avaliação às
suas estimativas macroeconómicas. Em “The accuracy of the European Commission's forecasts re-examined”
economistas da Comissão concluem até que, para o ano seguinte, as suas
previsões são até melhores que as do FMI – embora piores que as OCDE. A
explicação, escrevem, pode estar relacionada com o momento de elaboração
das previsões (quem publica mais tarde, tem mais informação e acerta
mais).
É inevitável relacionar o tema com a recente polémica em torno dos multiplicadores
orçamentais (na qual o FMI, Comissão e BCE trocaram argumentos
contrários a partir da posição de Washington, que tem vindo a defender
que as previsões das instituições internacionais falharam durante a
crise por terem subestimado o impacto da austeridade, como reafirmou recentemente Olivier Blanchard).
As poupanças no estudo do FMI
O relatório do FMI sobre cortes na despesa pública tem dado muito que falar. Eugénio Rosa, economista da CGTP, conhecido pela frequente análise a temas de actualidade, faz uma leitura muito crítica
das propostas do Fundo e oferece-nos uma tabela resumo que aqui reproduzimos com os impactos
orçamentais das principais medidas: se aplicadas
em conjunto valeriam entre 10,6 e 16,4 mil milhões de euros, conclui a partir dos dados do FMI. Quem também se lançou a analisar o documento foi Pedro Pita Barros, da Universidade Nova, especialista em Saúde, que diz que na Saúde o relatório é fraco, mas que melhora nas pensões.
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O desemprego também deveria ser problema do BCE?
Mario
Draghi na conferência de imprensa da reunião de 2012 em Barcelona onde
destacou os problemas referentes à segmentação do mercado de trabalho Fonte: Bloomberg
A
passagem de ano está a ser marcada por uma interessante discussão
internacional sobre o papel dos todos poderosos bancos centrais. A
Reserva Federal anunciou uma regra de médio longo prazo com enfoque na
taxa de desemprego; o novo governador do Banco de Inglaterra admite
trocar o objectivo de inflação por um baseado em PIB nominal; no Japão é
a independência do banco central que é posta em causa em nome de
políticas expansionistas. Na Europa, o BCE, com Draghi, tem testado os
limites tradicionais do seu mandato, nomeadamente com a opção de compra
de dívida pública para normalizar a fragmentação financeira no euro.
Será que o BCE deveria ir mais longe?
Desce, desce, inflação desce
Inflação caiu para 2,8% em 2012.
José Miguel Moreira, do
Montepio, explica a queda de inflação em 2012 e justifica a sua previsão
de que o aumento de preços continue a abrandar em 2013, para a casa dos
1%
Nota
do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do
Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos
gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP
(Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições
menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios
trabalha e que agora fica também ao seu dispor.