Comissão diz: eu prevejo melhor do que o FMI!

16/01/2013
Colocado por: Rui Peres Jorge

 

Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, e Christine Lagarde, directora-geral do FMI na sessão de homenagem a Trichet na sua saída do BCE Fonte: Hannelore Foerster / Bloomberg

A crise não afectou significativamente a qualidade das previsões de Bruxelas, conclui a Comissão Europeia num recente estudo de avaliação às suas estimativas macroeconómicas. Em “The accuracy of the European Commission's forecasts re-examined” economistas da Comissão concluem até que, para o ano seguinte, as suas previsões são até melhores que as do FMI – embora piores que as OCDE. A explicação, escrevem, pode estar relacionada com o momento de elaboração das previsões (quem publica mais tarde, tem mais informação e acerta mais).

 

É inevitável relacionar o tema com a recente polémica em torno dos multiplicadores orçamentais (na qual o FMI, Comissão e BCE trocaram argumentos contrários a partir da posição de Washington, que tem vindo a defender que as previsões das instituições internacionais falharam durante a crise por terem subestimado o impacto da austeridade, como reafirmou recentemente Olivier Blanchard).

 

A Comissão Europeia analisou a qualidade das previsões para seis variáveis macroeconómicas nas últimas décadas (PIB, inflação, défice, taxa de desemprego, défice externo e investimento), inclui já o período de recessão entre 2009 e 2011 e comparou os resultados com as previsões do FMI, OCDE e do BCE. Eis as principais conclusões:

 

1) Em Bruxelas prevê-se bem… (mas não na recessão)

 

The extension of the observation period to include 2009-2011 points to a limited impact of the crisis on the long-term accuracy of current-year forecasts

 

2) De facto, a antecipação da recessão em 2009 correu mal (mas isso é normal)

However, a significant deterioration of the accuracy of year-ahead projections is found, mainly due to larger forecast errors in the recession year 2009, which by all standards proved exceptional and unanticipated by forecasters. Larger forecast errors are typical in and around recession years.

3) Com excepção de Itália, não há enviesamento sistemáticos a nível nacional

 

Confirming the previous analysis, there is no evidence of a bias in the forecast for the EU and euroarea aggregates, thus no systematic over- or underestimation can be detected in the Commission's forecast. At the Member State level, Italy is the only country among the old Member States to have a systematic and statistically significant bias. This bias already existed in 2007. Results showed no bias for the new Member States for the GDP outlook.

 

4) E Comissão está melhor que o FMI, mas pior que a OCDE (e todos estiveram mal na crise)

 

Overall, it appears that the Commission projections scores better than the forecasts released by Consensus and the IMF. For the latter, this may partly reflect the timing of the forecast, with the Commission having an informational advantage. In contrast, the Commission's forecasts do not appear to perform as well as those of the OECD, especially for the year ahead. However, this could partly be explained by the fact that the OECD released its forecast on average one month later (whereas the IMF issued its forecasts earlier than the Commission).

The comparison of forecasting performance across institutions since the beginning of the crisis shows that the deterioration in forecast accuracy was a common phenomenon. Moreover, this deterioration does not seem to have been more pronounced in the case of the Commission. Overall, the Commission forecasts continue to dispose a reasonable track record.

 


Rui Peres Jorge