Um novo equilíbrio?
2012, segundo Cristina Casalinho e Pedro Rodrigues
Na primeira semana de Janeiro o massa monetária publica as perspectivas para 2012 de mais uma dezena de economistas e especialistas em áreas económicas e financeiras. Tratam-se dos comentários que incluíram nas respostas ao inquérito anual que o Negócios lançou mais uma vez, e com o qual procurou perspectivar o que poderá vir a ser o ano que agora tem início.
Poderá ler no blogue do Negócios as opiniões de Octávio Teixeira, Bagão Félix, Pedro Lains, Miguel Frasquilho, Sandro Mendonça, Pedro Bação, Emanuel Reis Leão, Pedro Cassiano Santos, Miguel St. Aubyn, Cristina Casalinho, Pedro Rodrigues, Mariana Abrantes de Sousa e Nuno de Sousa Pereira.
Hoje, Cristina Casalinho, economista-chefe do Banco BPI, quantifica o enorme desafio que o País enfrenta: “Portugal terá de fazer o maior ajustamento de procura doméstica com que se defrontou nos últimos dois séculos”, diz, avisando que para o sucesso será necessário o empenho de famílias, empresas e Estado. Pedro Rodrigues, economista e professor no ISCSP considera que o “ano correrá melhor que o esperado”, e admite que Portugal consiga estender o prazo do seu ajustamento orçamental. Para isso, a execução do primeiro semestre de 2012, conhecida pela altura do verão, será essencial.
Ainda sobre os impostos da família Jerónimo Martins
Falar dos impactos fiscais de uma deslocalização de um grupo como o da família Soares dos Santos sem conhecer concretamente as suas intenções ao nível da reestruturação societária e dos seus planos de negócio futuros é um arriscado exercício de especulação científica.
Contudo, com o que se sabe até ao momento, não estaremos perante a típica situação de eliminação da dupla tributação económica em IRC, uma questão que recentemente foi alvo de um despacho do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, e que tem sido aduzida como a mais óbvia das razões para esta deslocalização.
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Aprender com a Islândia
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Porto de Reykjavikna Islândia em Setembro de 2011 Fonte: Paul Taggart/Bloomberg
Há uns dias publicámos no Negócios um trabalho sobre o anunciado empobrecimento português comparando a evolução de algumas das principais variáveis económicas com as registados nos outros países que experimentarem desvalorizações internas (Irlanda, Grécia, Letónia e Islândia, esta última registou também desvalorização cambial).
A principal conclusão era a de que Portugal só está a iniciar a sua fase descendente. Uma segunda reflexão importante, partilhada por João César das Neves e Pedro Rodrigues, é a de que Portugal não deverá sofrer um ajustamento com a mesma violência. Finalmente, explicava-se a desvalorização interna, e fazia-se uma comparação com as restantes economias, para um conclusão incipiente:a Islândia, que optou por uma desvalorização cambial, teria conseguido, apesar de tudo, um bom resultado. Especialmente se comparada, por exemplo, com a Letónia, que podia desvalorizar o câmbio, mas não o fez.
Um estudo publicado por Zslot Darvas, no Bruegel, analisa de forma profunda e mais abrangente os casos da Irlanda, Letónia e Islândia – os países das grandes crises bancárias, para concluir que a Islândia escolher o “mix de política correcto”, de onde se destaca a desvalorização cambial e resolução imediata de bancos faltosos.
7.600.000.000.000 em dívida pública num só ano
Há números que de facto contam. Este ano, apenas em dívida que chega à maturidade, as maiores economias do mundo vão precisar de 7,6 biliões de dólares (triliões em métrica anglosaxónica). Deste montante, três biliões vão para o Japão e 2,8 biliões para os EUA. França, Alemanha e Itália somam mais de um bilião. A este montante juntar-se-ão os défices orçamentais do ano, vincam analistas ouvidos pela Bloomberg.
Portugal está relativamente protegido devido à assistência internacional. Mas a Zona Euro, como um todo, somando défices e refinanciamentos, precisa de 1,56 biliões de euros… ou 2.000.000.000.000 de dólares: