Funcionários públicos ganham mais… nos EUA
Parece de propósito, mas não é. O Congressional Budget Office dos EUA fez um estudo que replica aquilo que o Banco de Portugal fez para Portugal: uma comparação exaustiva de salários entre sector público e privado, controlando variáveis como anos de escolaridade, experiência e localização geográfica. Lá, como cá, as conclusões apontam no sentido de um prémio substancial no sector público, que ronda os 20%. Sobre o estudo do BdP, que foi recentemente “revisitado” através de uma abordagem mais fina, já escrevemos aqui. Além disso, também estamos a ler:
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Peço a esses cavaquistas, que eu não sei quem são, anónimos, que desamparem a loja”
O apelo foi lançado ontem à noite pelo professor e ex-líder social-democrata, Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência das notícias do fim-de-semana que davam conta de uma discordância entre o Presidente da República e o primeiro-ministro. Notícias essas com base em alegados cavaquistas não identificados.
Laffer contra troika
Vítor Gaspar, a 14 de Julho, quando anunciou a sobretaxa de IRS e a antecipação do aumento do IVA sobre a energia Fonte: Mário Proença/Bloomberg
A curva de Laffer é um dos termos preferidos e mais polémicos no debate económico. A ideia teórica é intuitiva: taxas mais elevadas de imposto rendem mais receita apenas até um determinado ponto. Isto porque há um momento a partir do qual um aumento das taxas gera perda de receita fiscal, devido a maior evasão e ao estrangulamento da economia. Não é assim de estranhar que sempre que há um aumento da pressão fiscal sobre a economia, o debate sobre se arriscamos passar esse ponto teórico retorne – normalmente alimentado pelos que mais receiam o excessivo peso da carga fiscal e para irritação dos que defendem um papel importante do Estado na provisão de serviços públicos.
Mas esta semana no Parlamento aconteceu algo pouco frequente: perante os últimos dados de execução orçamental, direita e esquerda admitiram implicitamente esse risco. E o governo não o afastou. Os maus resultados em termos de receita de IVA e de contribuições sociais no final do ano fazem temer o pior. E podem ajudar a perceber o que levou Gaspar a desafiar o Banco de Portugal e a troika (o FMI em particular) nas várias propostas de desvalorização fiscal.
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Portugal perante a reestruturação e mais austeridade
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Pôr do Sol em Lisboa em Novembro Fonte: Mário Proença/Bloomberg
As más notícias para Portugal correm o mundo. A manter-se o rumo da economia europeia e das políticas económicas que vêm sendo seguidas parece cada vez mais provável que Portugal se veja forçado a adoptar medidas de austeridade adicionais e a avançar com um plano de reestruturação da sua dívida.
Ontem, em artigo de opinião aqui no Negócios – uma novidade onde me arriscarei com posições mais subjectivas e pessoais que as dos textos que publicamos aqui no massa monetária –, defendi a urgência de uma análise independente à sustentabilidade das contas públicas, sublinhei o risco de Portugal se ver, em breve, na situação grega e de ser por isso necessário debater e preparar o cenário de uma reestruturação da sua dívida. Hoje, o Wall Street Journal escreve que os mesmos banqueiros que estão a negociar com a Grécia duvidam do plano de ajustamento nacional (especificamente na capacidade de Portugal regressar ao mercado em 2013 a preços sustentáveis) e pensam que um segundo “bailout” é inevitável. O WSJ cita ainda analistas que dizem não ter dúvidas sobre a necessidade de uma reestruturação. Este é um cenário também dado como provável por dois economistas que se têm destacado na análise da crise europeia. Simon Johnson (ex-economista-chefe do FMI) e Peter Boone deixam ainda um outro diagnóstico: Portugal (e os outros periféricos) vai precisar de muita mais austeridade. Aqui ficam os principais excertos dos dois textos.
A histeria dos mercados na avaliação dos juros no euro
Se, durante anos, os mercados erraram sistematicamente na avaliação do prémio de risco das obrigações soberanas na área do euro – atribuindo o mesmo risco à Grécia e à Alemanha – porque é que agora se acha que os mercados estão a avaliar de forma correcta o risco no mercado? A pergunta é de Paul De Grauwe e Yuemei Ji, num artigo publicado no VoxEU.org, onde os dois economistas dão também a resposta: os mercados, em modo de histeria, estão, na verdade, a avaliar mal o risco soberano no euro, e os políticos têm de levar isso em conta nas suas políticas. É por isso essencial que a par com medidas de redução do peso da dívida, a Europa avance com medidas de estímulo monetário e de contenção orçamental. Além disto, estamos também a ler:
2. Carlos Tavares contra Carlos Costa no corte de salários (Negócios)
3. Uma proposta de solução para a segmentação do mercado de trabalho espanhol (VoxEU.org)
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