Os empregos que vão penar
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O primeiro-ministro, Passos Coelho, justificou o corte salarial da função pública (até dois dos 14 salários para quem ganha mais de 1000€ mensais) com o cada vez mais célebre estudo do Banco de Portugal Wages and Incentives in the portuguese public sector. O estudo mostra que, em 2005, os funcionários públicos ganhavam, em média, mais 17% do que os trabalhadores do sector privado. Este valor refere-se ao “wage gap” depois de controladas as características dos trabalhadores (escolaridade e qualificações). Quando se leva em conta as horas trabalhadas, o prémio passa para mais de 25%. Não são levadas em conta outras características do trabalho, como a facilidade de progressão ou estabilidade de emprego.
Restauração: muitas queixas para poucas obrigações
O sector da restauração tem sido um dos mais activos na contestação ao aumento do IVA que provavelmente se avizinha, tendo conseguido arrematar para o seu lado pesos-pesados da opinião pública como Marcelo Rebelo de Sousa. Contudo, a julgar pelos números, a amplitude do protesto é inversamente proporcional às obrigações tributárias que, no seu conjunto, cumprem. Senão vejamos.
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Sem haver massa monetária em circulação – já estou farto de dizer isto – o mercado entra em recessão
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Somos suspeitos, é certo, mas nós também achamos que, sem “massa monetária” o mundo da economia não seria o mesmo. Agradecemos a confiança de Jardim, mas recusamos qualquer ambição em evitar recessões. Ficamo-nos por alguns contributos de reflexão, que aliás já foram dedicados à Madeira de Alberto João, nomeadamente às suas contas orçamentais e aos desafios que enfrenta depois do “boom”.
Para que serve o documento de estratégia orçamental?
As medidas de contenção de despesa e os seus efeitos quantitativos serão conhecidos ao longo do tempo, ao longo do processo, sendo que uma ideia clara de conjunto será conhecida com o documento de estratégia orçamental
Vítor Gaspar, 4 de Agosto
No final de Agosto, o ministério das Finanças publicou um documento central na estratégia orçamental do Governo, a que chamou documento de estratégia orçamental (DEO), o qual beneficiou dos conselhos e da aprovação da troika. Aí o Governo estabeleceu o rumo da política orçamental nos próximos anos. Uma das partes mais relevantes, pela proximidade temporal, foi a descrição da natureza da derrapagem orçamental este ano, assim como as medidas (extraordinárias) que seriam tomadas para a compensar, e as medidas (de natureza estrutural) que seriam adoptadas em 2012.
Preços no vestuário e calçado aumentam 24,5% de Agosto para Setembro
A inflação disparou para 3,6% em Setembro. José Miguel Moreira, do Montepio, analisa os dados divulgados pelo INE e dá conta do que se está a passar com os preços em Portugal. Por um lado, os transportes mantêm-se como a classe que mais puxa pela inflação (mais 9% em termos homólogos em Setembro). Já os preços do vestuário e calçado dispararam mais de 20% entre Agosto e Setembro – mas ainda assim mantêm-se mais baixos que em 2010. Bárbara Marques, do Millennium bcp, realça que o aumento de preços do vestuário e calçado é em parte explicado por alterações metodológias e relembra que as prespectivas para a evolução de preços em 2012 depende em grande medida das opções do OE 2012.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium BCP, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.