Inflação abranda mas não dá descanso
A inflação baixou em Maio depois de dois meses a subir significativamente, avançou hoje o INE. Miguel Moreira, do Montepio, analisa o indicador, diz esperar uma evolução no resto do ano em linha com os custos salariais, mas avisa que há muita incerteza em torno da evolução esperada dos preços. Paula Carvalho também espera uma descida da inflação homóloga ao longo do ano, previsão que é partilhada por Bárbara Marques do Millennium BCP. O risco de aumento de tributação indirecta (e logo dos preços) no segundo semestre é mencionado várias vezes.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium BCP, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Bancos emprestam mais a empresas suas
Obter crédito junto da banca não é fácil. Mas torna-se mais fácil se o banco tiver participação na estrutura accionista da empresa, conclui um estudo publicado hoje no Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal.
Em “O ACESSO AO CRÉDITO BANCÁRIO QUANDO OS BANCOS SÃO ACIONISTAS DAS EMPRESAS: EVIDÊNCIA PARA PORTUGAL”, Paula Antão Miguel A. Ferreira Ana Lacerda escrevem que: “Um banco com informação privilegiada é suscetível de ser o principal credor da empresa, o que pode gerar benefícios para a empresa em termos de disponibilidade de crédito, mas também pode limitar o seu recurso a outros bancos”.
Empresas: quanto mais endividadas, mais caloteiras na falência
As falências das empresas não são todas iguais. Se for efectivamente uma falência, os credores, nomeadamente os bancos, podem sofrer muito. Já se a empresa conseguir fechar a actividade de forma controlada, pagando as suas dívidas, esse impacto na economia será reduzido. Num artigo incluido no Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal e titulado “DÍVIDA E EXTINÇÃO DAS EMPRESAS” a tripla José Mata, Pedro Portugal e António Antunes conclui que o nível de endividamento é uma variável central na definição do tipo de saída do mercado. Quanto mais endividadas, mas caloteiras na falência, avisam.
Ratings contam mais se forem negativos
Vítor Constâncio, vice-presidente do BCE, criticou hoje as agências de rating por decisões confusas durante a crise, nomeadamente cortes abruptos nas notações de risco. Um sinal de preocupação pela parte do BCE que, aliás, faz depender a sua política de colaterais das notações desta agências. Um recente estudo publicado no BCE, e assinado por António Afonso, Davide Furceri e Pedro Gomes, traz mais alguma luz sobre estas poderosas empresas.
Em “SOVEREIGN CREDIT RATINGS AND FINANCIAL MARKETS LINKAGES APPLICATION TO EUROPEAN DATA” os três economistas concluem que as notações de risco têm um impacto significativo nos “spreads” das taxas de juro, especialmente se forem no sentido negativo. Concluem ainda que o impacto nos spreads dos CDS a anúncios negatovos aumentou após a queda da Lehman Brothers, o que não deixa de ser irónico: grandes bancos e agências acabam por sair vencedores de uma crise onde tiveram muitas responsabilidades.
Pedro Passos Coelho: “Eu acho que podemos surpreender e ir além do acordado com a troika”
Pedro Passos Coelho à Reuters: “Eu acho que podemos surpreender e ir além [do que foi acordado com a troika]“.