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 Último dia da janela de transferências de Janeiro e eis que Benfica e Sporting vendem dois dos seus melhores jogadores. Fiquei surpreendido? Não, nem um pouco. Ainda assim, enquanto considero que..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

As vendas de David Luiz e Liedson

31 Janeiro, 2011 0

 Último dia da janela de transferências de Janeiro e eis que Benfica e Sporting vendem dois dos seus melhores jogadores. Fiquei surpreendido? Não, nem um pouco. Ainda assim, enquanto considero que os encarnados estão razoavelmente precavidos para o adeus do central brasileiro, duvido (imenso) que os leões tenham no plantel alguém capaz de fazer a posição (e os golos) do internacional português.

Pese os muitos avanços e recuos na anunciada mudança de David Luiz para o futebol inglês, dificilmente a transferência não se confirmaria depois de as águias recrutarem Jardel ao Olhanense. Sendo Jorge Jesus um treinador pouco dado à gestão do plantel, de que serviria ter Sidnei, Jardel e Roderick a rodar entre o banco e a bancada, enquanto a titularidade estava antecipadamente atribuída a Luisão e David Luiz? Se o negócio para Inglaterra não estivesse apalavrado, muito provavelmente Jardel nem teria sido contratado, pois convém relembrar que, até há uns dias, também fazia parte da formação benfiquista Fábio Faria.

Desportivamente falando, parece-me que o Benfica – não tendo ninguém com o seu potencial – parece possuir soluções suficientemente capazes de aguentar o barco, pelo menos desde que o experiente Luisão esteja disponível. Financeiramente, e embora Luís Filipe Vieira tenha voltado a faltar à palavra (o Chelsea não bateu a cláusula de rescisão, apesar de se desconhecer, por enquanto, até onde ascenderá o negócio feitas todas as contas), o clube fez uma transação importante. É preciso ter presente que se vive um período de grande recessão económica e que o futebolista, apesar de ter chegado agora à selecção principal do Brasil, corria o risco de desvalorizar face à prematura saída do Benfica da “Champions”, à provável não conquista do campeonato e tendo em conta ainda que, no final da época, não há Campeonato do Mundo.

O caso do Sporting é diferente. Liedson já não é um jovem, perdeu muito do fulgor do passado e tinha um dos ordenados mais alto em Alvalade. Ainda assim, se os responsáveis leoninos pretendem ajudar a equipa a ter um final da época minimamente dignificante era de bom tom manter o seu máximo goleador e, na minha opinião, melhor jogador. Os poucos milhões que se poupam (considero notável a ideia de se juntar o valor dos ordenados que se deixam de pagar ao valor efectivo da transferência para parecer algo mais sedutor) podem sair muito caros se, de repente, o conjunto ficar dependente de futebolistas que, sendo oficialmente avançados, têm uma relação pouco estreita com os golos.

A saída de Liedson até poderia ser encarada como uma mudança de rumo se, ao mesmo tempo, os leões anunciassem a chegada de alguém capaz de se transformar num goleador de futuro. Mas, olhando para o plantel, e sabendo apenas da entrada de Cristiano, quem é que irá passar a ser o matador? Postiga, Saleiro ou Djaló?

Em Alvalade, dentro da linha dos últimos tempos, pouco se entende das opções dos dirigentes. E o pior é que, analisando desportiva ou financeiramente, ficamos sempre com a sensação que as decisões são erradas. Mas, enfim, alguém deve saber o que está a fazer. Ou pelo menos pensa que sim…

PS – Em teoria, Sidnei deveria ser o principal beneficiado com a saída da David Luiz da Luz. No entanto, algo me diz que pode surgir aí uma surpresa. Não ficarei admirado se a escolha recair em Jardel.

PS 1 – Quantas vezes vai Liedson voltar a representar a Selecção Nacional depois de chegar ao Brasil? Não sou adivinho, mas palpita-me… 0, a exemplo de Deco! Aliás, acredito que muito em breve pode anunciar o seu adeus, seguindo a recente moda que afectou gente como Paulo Ferreira, Simão, Tiago, Miguel e o já citado Deco.

Sai um caneco para o Barça

30 Janeiro, 2011 0

Ao ser derrotado em Pamplona (0-1), o Real Madrid de José Mourinho não perdeu apenas 3 pontos. Bem sei que falta uma eternidade para a Liga espanhola chegar ao fim mas, objectivamente, o assunto está tratado. O Barcelona – a melhor equipa mundial de actualidade – tem agora 7 pontos de vantagem, pelo que se pode dar ao luxo de perder no reduto do rival e continuar, sem sobressaltos, a liderar a prova. Se há muito considero que, em Portugal, o FC Porto já não vai deixar escapar o título, em Espanha, a partir dos resultados desta ronda, a minha convicção é ainda mais forte.

Quis o destino que os merengues se “despedissem” da luta pelo campeonato em Pamplona, no reduto do Osasuna treinado por Camacho. Necessitado de pontos para assegurar a permanência entre os grandes do futebol espanhol, o antigo técnico do Benfica não esteve com meias medidas e “tirou o tapete” ao clube do seu coração, comandando uma “faena” quase perfeita. É difícil encontrar alguém que seja mais Real que Camacho, mas o profissionalismo tem destas coisas. E ainda bem, diga-se.

Olhando para Mourinho, fica a sensação que o melhor treinador do planeta perdeu ainda mais que um jogo e, quase de certeza, um título. Depois de ter goleado Valdano nos últimos dias – o clube deu-lhe toda a cobertura que exigiu, um avançado de créditos firmados como Adebayor e até o prazer de ver o “vice” argentino humilhado na praça pública -, o setubalense não podia ter deixado escapar os 3 pontos no terreno de uma das formações mais modestas da liga do país vizinho. O espaço de manobra de Mourinho (ou de outro qualquer treinador) está directamente relacionado com os resultados e se, globalmente, o português até tem tido um percurso interessante esta temporada, tudo se complica quando se entra em comparação com o Barcelona de Guardiola. E isso, em Madrid, é fatal.

Não sei qual a estratégia de comunicação que Mourinho vai adoptar nos próximos dias mas, mais do que nunca, creio que a sua saída no final da época ganha força. Para que tal não suceda, e mantendo a ideia que o título é um tema resolvido, precisa de ser campeão europeu. Tem equipa para isso? Tem, sim senhor. Contudo, convém não esquecer que na corrida também está o colosso catalão que, invariavelmente, surge em todo o lado a complicar as contras madrilenas. Só a conquista do ceptro europeu poderá acalmar a dor dos adeptos merengues que, por muito bom futebol que a sua equipa pratique, não lidam bem com o facto de tanto falatório e mediatismo só dar para ser segundo.

Mourinho foi para Madrid à procura de um novo desafio e penso que encontrou o maior de toda a carreira. O problema é que, desta feita, não parece em condições de o ganhar. Será o único culpado? Não, como antes não foi o único responsável nos vários sucessos que obteve, ao contrário do que muita gente diz. Mourinho pode ser especial, mas não é Deus; não transforma em ouro tudo o que toca, nem ganha sempre. Ganha quase sempre, é verdade, mas o quase pode não ser suficiente, pois em Espanha, Guardiola ganha ainda mais vezes, com a agravante de ter uma equipa que, salvo raras excepções, dá verdadeiros recitais de futebol. E se para os seus problemas internos, o treinador português terá sempre a possibilidade de inventar soluções, controlar o que o Barca faz é impossível. Só nos confrontos directos poderá tentar emperrar a máquina contrária. Ainda assim, convém relembrar, na primeira tentativa de minar o funcionamento catalão a coisa correu mal. Muito mal mesmo…

A hora de Djokovic

O sérvio Novak Djokovic parece em condições de quebrar a hegemonia que Roger Federer e Rafael Nadal impuseram nos últimos tempos no ténis mundial. O indiscutível triunfo no Open da Austrália – cedeu apenas um “set”, face ao croata Ivan Dodig, em toda a competição – comprova essa ideia, reforçada com o facto do suíço e do espanhol começarem, aqui e ali, a evidenciar algumas debilidades, tanto técnicas como físicas.

Aos 23 anos, o actual número 3 da hierarquia internacional está mais forte do que nunca, essencialmente porque revela outra consistência e maturidade. No passado, o sérvio tinha muitos altos e baixos, algo que o prejudicava em momentos chave. Agora, sereno, está invariavelmente mais próximo do sucesso e isso, claro, faz enorme diferença.

Mais do que as questões técnicas, foi mesmo o factor psicológico que ajudou a decidir a final do primeiro Grand Slam da temporada. O escocês Andy Murray esteve na corrida até ceder o jogo de serviço que lhe custou o primeiro “set”. Depois, pese um ou outro momento de qualidade, não conseguiu reagir. Os nervos impediram-no de jogar o que está ao seu alcance e, no termo do duelo, aconteceu o mesmo que na decisão do Open dos Estados Unidos de 2008 e na final australiana do ano passado (ambas diante Federer): perdeu!

Ao cabo de 159 minutos, Djokovic arrebatou o seu segundo “major”, repetindo o triunfo de 2008 igualmente em Melbourne, enquanto Murray não conseguiu oferecer à Grã-Bretanha o primeiro título num dos quatro principais torneios mundiais em 75 anos! Desde 1936, quando Fred Perry ganhou o Open dos Estados Unidos, que a seca dura. O escocês já prometeu que tudo vai fazer para acabar com essa malapata mas, de momento, creio que é Djokovic quem está em melhores condições para sonhar com êxitos significativos e, já agora, com o assalto ao posto de líder mundial.

Egipto a par e passo

29 Janeiro, 2011 0

Para quem se interessa pelo que vai acontecendo pelo Mundo, clique aqui para aceder a uma das melhores formas de acompanhar a crise que assola o Egipto, através do jornalismo de qualidade da Al-Jazeera. De resto, tome nota também de algumas informações que o irão ajudar a enquadrar o que se passa num dos países que se pensava ser dos mais calmos do mundo árabe.

 

 

 

Mourinho obrigado a vencer

25 Janeiro, 2011 0

A contratação, por empréstimo até final da temporada, de Adebayor (oriundo do Manchester City) faz com que José Mourinho passe a ter, de novo, todas as condições para conquistar o título espanhol. A pressão realizada pelo português deu mesmo resultado, não só porque conseguiu o tal avançado que tanto reclamava como, pelo caminho, parece ter derrubado de vez Jorge Valdano.

Em teoria, o setubalense acaba de registar mais uma grande vitória. Dupla, para ser mais correcto. O problema é que, a partir de agora, volta a estar “obrigado” a, pelo menos, vencer a Liga do país vizinho e isso, sabe ele melhor que ninguém (nomeadamente depois daquela célebre jornada no Camp Nou), é uma tarefa verdadeiramente complicada, para não dizer improvável, já que o Real Madrid, por muito bem que jogue e some pontos, precisa que alguém dê uma ajuda para apanhar os catalães. Caso seja incapaz de triunfar no campeonato, Mourinho terá de agarrar a Liga dos Campeões. Se também essa competição escapar, então Mourinho não precisará de voltar a deixar no ar a possibilidade de abandonar o clube antes do final do contrato. Aposto que alguém tratará de lhe abrir a porta…

Entretanto, resta saber se Adebayor, que há uns meses entrou num período de menor fulgor, consegue, quanto antes, recuperar a sua famosa veia goleadora. Que o avançado togolês tem jeito, todos sabemos, mas isso também se aplica ao gaulês Benzema e, como se percebe, tal não é suficiente para o gigante espanhol ou, dito de outra maneira, para o respectivo treinador.

As próximas semanas prometem…

Patrício foi gigante

24 Janeiro, 2011 0

Não sou um fã incondicional de Rui Patrício. Mas, naturalmente, não tenho qualquer problema em elogiá-lo (ou a qualquer outro futebolista) quando joga bem. E nesta segunda-feira, no Funchal, no triunfo do Sporting perante o Marítimo (3-0), o guarda-redes leonino esteve simplesmente notável. Para quem não viu o jogo, um “score” tão desnivelado indicia uma partida fácil para os homens de Alvalade. Contudo, a realidade foi bastante diferente. Aliás, estou convicto que a equipa de Paulo Sérgio dificilmente deixaria os Barreiros com os 3 pontos no bolso caso, quando o “placard” assinalava apenas 1-0, Patrício não tivesse feito um punhado de defesas de enorme qualidade.

Se os golos de Zapater (agradável surpresa nesta altura da época) e Liedson é que, objectivamente, permitiram o sucesso verde e branco, considero que as intervenções de Rui Patrício foram tão ou mais decisivas.

Perante o actual cenário – e sabendo que o jovem guarda-redes já esteve no último Portugal-Espanha – não tenho dúvidas em dizer que Paulo Bento irá seleccioná-lo para o jogo de preparação contra a Argentina. Resta saber se apenas para suplente de Eduardo ou se mesmo para entrar de início. Entendo que o treinador pretenda dar confiança ao titular do Génova, mas tendo em conta as exibições recentes dos dois, se a decisão fosse minha… entrava Patrício. E com isto não estou a dizer que ele é melhor, apenas e só a sustentar que, de momento, atravessa um período mais sólido.

Novo/velho presidente

23 Janeiro, 2011 0

Os portugueses foram às urnas. Bom, alguns portugueses, perto de metade. E escolheram um novo Presidente da República. Bom, elegeram o mesmo que já ocupou o posto nos últimos anos e que, antes disso, também já tinha desempenhado as funções de Primeiro Ministro durante largo período. Pelos vistos é alguém que agrada à maioria do povo. Pessoalmente, não consigo estar triste, nem contente. É verdade que “perdi”, pois o candidato em quem votei não venceu, nem sequer conseguiu obrigar o vencedor a uma segunda volta. Contudo, para ser sincero, tenho de dizer que até o meu voto foi entregue de forma pouco convicta. Recuso-me, por ter consciência do privilégio que é poder ser chamado a dizer o que desejo para o meu país, a alinhar pela abstenção, mas mentiria se dissesse que não compreendo, cada vez mais, o que leva milhares e milhares de compatriotas a “esquecer” esse gesto tão nobre quanto cívico. Nomeadamente os mais jovens que, grosso modo, têm tantas razões para se interessar por política como pela física quântica ou pela genética molecular.

Não faço parte do lote que considera que todos os políticos são mentirosos, vigaristas ou desonestos. Mas, mesmo sem pretender fazer juízos de valor sobre ninguém em particular, concordo que, nos últimos anos, a sociedade portuguesa tem sido claramente prejudicada pela esperteza saloia de uns quantos protagonistas que, desta ou daquela forma, “cresceram” à conta de jogadas que, se fossem levadas a efeito por comuns mortais como eu, no mínimo dariam direito a passar a vida em tribunais ou mesmo em assoalhadas apertadas com janelas minúsculas.

Da direita à esquerda, passando pelo centro que em Portugal tem a interessante particularidade de englobar inúmeras pessoas… de direita e esquerda, Portugal foi invadido nos últimos anos por uma enorme legião de interesseiros. E tenho a certeza que nada mudará com o resultado destas eleições. O mesma aconteceria, com toda a certeza, se o vencedor tivesse sido outro. O mal do País, seguramente, não reside apenas num nome, num cargo. Mas isso, estando nas mãos de todos nós alterar, não é fácil de inverter, pois não é possível tratar uma doença prolongada – e que já provocou tantos danos e desgaste físico e psicológico – com um simples comprimido ou frasco de xarope. De resto, cá para nós, também duvido que a maioria das pessoas esteja mesmo interessada em mudar o que quer que seja. É que por mais triste que isso pareça, a verdade é que a confusão, a desorganização, as cunhas e as ilegalidades também dão de comer a muito boa gente. Em Portugal, como em qualquer outra nação, pois esta maleita ataca em todo o planeta e, até ver, tem feito muito mais vítimas que a gripe A ou a das aves!

Mourinho-Valdano: duelo ?viciado?

21 Janeiro, 2011 0

José Mourinho não é um treinador normal. Para ele, as partidas começam muito antes de a bola rolar e terminam bem depois do último apito dos árbitros. Dito de outra forma, o actual melhor treinador do Mundo pensa em todos os pormenores e não somente naqueles que parecem óbvios. Na sua forma de trabalhar, e depois de ter conseguido mostrar serviço (entenda-se ganhar um ror de competições), ele é que deve decidir tudo. Bom, tudo não, sempre gosta de deixar algumas decisões para os presidentes, para aqueles que o contratam e concordam em pagar-lhe chorudos ordenados e prémios.

Em qualquer clube onde esteja, Mourinho é, ao mesmo tempo, amado e odiado. A maioria dos adeptos, desde que os triunfos apareçam com regularidade, não tem dúvidas em idolatrá-lo. Contudo, para diversos dirigentes, a sua presença, mesmo vitoriosa em termos desportivos, é angustiante. Em primeiro lugar, porque o setubalense, como alguém já disse, “seca” tudo à sua volta. Quem o vê nas conferências de imprensa, por exemplo, fica sem perceber se está a ouvir um treinador, um “manager” ou um dirigente. Às páginas tantas, fica a sensação que clubes gigantes como o Real Madrid não precisam de tanta gente nos corredores da decisão ou então que apenas são necessários se desempenharem as funções que Mourinho lhes destina na sua organização pessoal. Depois, é preciso também recordar que o português adora comprar guerras com adversários, juízes, jornalistas, com quem quer que seja. E isso, por vezes, também deixa muitos dirigentes com dores de cabeça, pois temem que, mais tarde ou mais cedo, isso acabe por ser voltar contra a própria instituição.

É por causa desta sua peculiar forma de estar que Mourinho, invariavelmente, causa atrito por onde passa. E se pela frente encontra gente que também gosta de ser protagonista, como sucede de momento com Valdano, é certinho que temos confusão. Como se tem constatado nos últimos dias, o treinador está a “esticar a corda”, tentando perceber até onde o deixam ir ou, visto de outro prisma, até onde Valdano aguenta a batalha. E para marcar a sua posição, o treinador conta com os resultados e com o apoio incondicional dos seus jogadores, “armas” poderosas aquando dos duelos internos.

Ao assumir, sem rodeios, que no final da temporada – e pese ter mais tempo de contrato – logo verá se irá prosseguir na capital espanhola, Mourinho mostra que não tem medo de nada, nem de ninguém. Faz mesmo questão de mostrar que interessados nos seus serviços (e sem ousarem discutir as respectivas ideias) existem muitos clubes. Ao mesmo tempo deixa a “batata quente” nas mãos do presidente que, já sabe, ficará mal visto perante os adeptos se não o conseguir segurar. Para isso, contudo, terá de sacrificar Valdano ou todos os que se atravessarem no caminho do português que, por coincidência, até é compatriota da maior estrela da equipa… Florentino Pérez só não sairá “chamuscado” no meio de toda esta embrulhada se, pelo meio, Mourinho falhar os grandes objectivos. E isso, sem duvidar das suas capacidades, até é provável, pois parar o Barcelona não parece ser fácil.

Mourinho, em caso de falhar os títulos, já se percebeu, tem justificações para se defender. E também nessa perspectiva, os maiores derrotados serão sempre Valdano e Pérez que, decididamente, ainda não perceberam que o treinador que escolheram não é só o homem que decide quem joga e dá a táctica. Isso é a tarefa dos outros. Ele funciona de maneira diferente, única, ou não fosse ele “El Especial”!

Frederico Gil quebra malapata

17 Janeiro, 2011 0

À décima tentativa, Frederico Gil conseguiu, finalmente, vencer uma partida referente ao quadro principal de um torneio de ténis do Grand Slam (quatro principais torneios do planeta). Aconteceu na longínqua Austrália, em Melbourne, com o lisboeta a bater o uruguaio Pablo Cuevas ao cabo de uma autêntica maratona de 4 horas e 23 minutos e que terminou com o equilibrado “score” de 6-4, 6-7(7), 4-6, 6-3 e 9-7.

Perante um adversário melhor colocado no “ranking” mundial (o português segue no posto 91, enquanto o sul-americano ocupa o lugar 64), Gil precisou de sofrer imenso até lograr concluir (ao terceiro “match-point”) um duelo que, em teoria, podia ter sido mais calmo. Bastaria, muito provavelmente, não ter vacilado quando serviu, com 5-4, no segundo “set” ou, mais à frente, quando desperdiçou três pontos para segurar esse mesmo parcial no “tie-break”. Mas, fundamental era ganhar e se é verdade que fisicamente o português deve estar bastante cansado, também convém salientar que, psicologicamente, só pode sentir-se muito forte após ter atingido um resultado nunca antes alcançado na carreira.

Na segunda ronda, o grau de dificuldade vai aumentar consideravelmente para Gil, pois pela frente irá apanhar o francês Gael Monfils, actual 12.º jogador mundial. Contudo, se o gaulês entrar tão mole quando aconteceu diante do sul-africano Thiemo de Bakker (esteve a perder 0-2 antes de engatar três “sets” consecutivos), talvez tenha uma desagradável surpresa…

Entretanto, na próxima madrugada/manhã irá entrar em acção o algarvio Rui Machado. O 90.º atleta da hierarquia internacional vai medir forças com o colombiano Santiago Giraldo (59º) e embora os números indiquem que o favoritismo pertence ao opositor, acredito que também aqui o representante luso poderá fazer a festa no final. Vamos aguardar…  

Bettencourt: culpado ou vítima?

16 Janeiro, 2011 0

Quando José Eduardo Bettencourt assumiu o cargo de presidente do Sporting, acreditei que, pese as muitas dificuldades tradicionais, o clube teria condições de recuperar da letargia em que havia mergulhado. Tive a sensação que este dirigente, já habituado aos bastidores do futebol e com conhecimentos no sistema bancário, podia ser um interveniente precioso em dois “tabuleiros” essenciais para o presente e o futuro do emblema de Alvalade. Ainda por cima – e mesmo sabendo que se tratava de alguém da ala “aristocrática” – gostei de o ver, logo de entrada, a aproximar-se das massas, do adepto anónimo. Contudo, não foi preciso esperar muito para compreender que, afinal, o cenário não ia ser diferente do habitual.

O Sporting deixou, há uns anos, de ser um clube estável, onde dirigentes ou profissionais do desporto podem trabalhar, serenamente, em busca de resultados positivos. Em Alvalade, a exigência de triunfos não é para amanhã. É mesmo para ontem e isso, podendo acontecer uma vez ou outra, não é o caminho lógico. Não é assim que se constrói o que quer que seja. Num clube cada vez mais à deriva, onde todos parecem ter soluções quando estão de fora e onde ninguém acerta quando entra em funções, basta um ou dois resultados negativos e tudo, rigorosamente tudo, é colocado em causa.
Surpreendentemente, Bettencourt vacilou logo ao primeiro abalo. A excessiva colagem a Paulo Bento marcou, desde logo, o seu futuro no clube. Como é que um presidente pode contratar treinadores de nomeada depois de se referir ao actual seleccionador nacional como um autêntico Deus? Um líder, por muito que tenha apreço por determinado funcionário, jamais o deverá colocar acima de tudo e todos. Aliás, começa logo por ser estranho permitir que alguém tão essencial possa deixar o clube. Se Bento era mesmo “forever”, nem com uma chuva de derrotas deveria sair. Em Inglaterra, no Manchester United ou no Arsenal, por exemplo, os postos de Ferguson ou Wenger nunca estiveram em causa por causa de um desaire, de um ciclo menos bom ou mesmo de uma temporada falhada. Quando se acredita sem reservas num plano, no trabalho desenvolvido, resiste-se a qualquer problema, mesmo se a maioria dos adeptos estiver interessada em alterações.

Bettencourt deixou escapar Bento e, de seguida, nunca mais se encontrou. A aposta, a prazo, em Carvalhal foi um bom exemplo. Recrutar um técnico para escassos 6 meses é, desde logo, mostrar que não se acredita no seu trabalho. Tal opção, susceptível de ser tomada num clube de outra dimensão, não pode ser feita no Sporting. A menos que internamente alguns dirigentes já não tenham problemas em assumir que o Sporting, de grande, só já tem o passado. Nos últimos tempos, acrescente-se, o clube leonino protagonizou um sem número de situações que, por norma, não devem suceder num emblema de topo. Porém, em Alvalade ou em Alcochete, já percebemos que tudo pode acontecer.

Parece-me que Bettencourt acabou por ser mais uma vítima deste longo e agonizante processo em que o Sporting se encontra há décadas. Porém, ao mesmo tempo, também não tenho dúvidas em apontá-lo como um dos culpados das más opções recentes. Bettencourt foi o primeiro presidente profissional do clube, mas teve um desempenho ao nível de um amador. Acrescentou pouco ou quase nada. E ainda se fez pagar bem por isso. Para a história, é isso que fica: o facto de ter recebido muito bem para, basicamente, fazer pouco que se veja. Bom, também será recordado por uma estranha colagem ao FC Porto, por ter permitido que João Moutinho se transferisse directamente para um rival, por ter andando sempre muito distante dos centros de decisão, por ter permitido um distanciamento cada vez maior entre o clube e os simpatizantes, por não ter recuperado o ecletismo de forma evidente, por não ter edificado um pavilhão, etc, etc…

Resta saber se, agora, o Sporting vai encontrar, finalmente, alguém que consiga dar a volta ao texto ou se, pelo contrário, irá manter esta tendência de caminhar, paulatinamente, para um buraco cada vez maior. Por muito que isso custe a admitir a determinados sportinguistas, a verdade é que o futuro da agremiação está cada vez mais em equação. O Sporting é como o País: não pode adiar para sempre a recuperação. Caso contrário, de repente, o mal já não terá solução…