Arquivo mensal: Abril 2015

Casar? Só depois de viver junto

30/04/2015
Colocado por: Manuel Esteves

A obrigação dos jovens se casarem antes de viverem juntos já passou à história? Sim, mas é uma história recente. Em 60,8% dos casamentos realizados em 2009 os nubentes viviam separados e só 39,2% partilharam o mesmo tecto antes de casar.

 

Mas muito mudou em apenas cinco anos. Em 2014, pela primeira vez, houve mais casamentos entre noivos que já viviam juntos do que o contrário. Segundo revelou esta quinta-feira o INE, em 51,7% dos casamentos os nubentes “já possuíam residência anterior comum”. O gráfico em baixo é bastante claro.

 

Outro dado interessante diz respeito ao nascimento de crianças fora do casamento. Em 2009, a percentagem de nados vivos nascidos fora do casamento era de 38,1%, percentagem que passou para 49,3%. A manter-se este ritmo é muito provável que nos próximos dois anos os nados vivos com pais casados se tornem uma minoria.

casamentos-ok

Rápidos no Norte, lentos no Sul: estatísticas sobre o consumo de pornografia em Portugal

27/04/2015
Colocado por: Nuno Aguiar

Sabia que o pessoal do Norte é muito mais rápido nas suas visitas a sites pornográficos do que a malta do Sul? Que a véspera de Natal é o dia em que menos portugueses vêem pornografia? Que temos um fascínio pelo Brasil? Ou que os nossos jovens não são os que mais pornografia consomem?

 

Se tem estado atento ao Massa Monetária, sabe que temos dado atenção às estatísticas produzidas com regularidade por um dos maiores sites pornográficos do mundo, o Pornhub. Aproveitando as conclusões que são capazes de retirar da sua gigantesca base de dados, a equipa de “data scientists” e designers da empresa publica frequentemente perfis de utilização do site para vários países. Uma mina de informação.

 

Hoje tornou-se praticamente um cliché dizer que entrámos na era do “big data”, utilização de enormes bases de dados para reflectir e tirar conclusões sobre determinado assunto. Uma tendência que até motivou a denominação de uma nova forma de dar notícias chamada “jornalismo de dados”, com aplicações na economia, política, temas sociais, desportivos e até cultura pop. Embora não exista propriamente “jornalismo de pornografia” (embora algum jornalismo seja bastante pornográfico), um site como o Pornhub está numa posição privilegiada para tirar conclusões sobre a forma como é consumida pornografia em todo o mundo. No ano passado, tiveram 18,4 mil milhões de visitas e 80 mil milhões de visualizações de vídeos.

 

A empresa utiliza esse poder de fogo com regularidade, tendo criado em 2013 um blogue chamado Insights, onde publica as conclusões a que vai chegando sobre os seus visitantes. O objectivo é chamar público que, de outra forma, não conheceria o site. Agora, o Pornhub decidiu virar as atenções para Portugal, compilando um conjunto interessante de conclusões sobre a forma como os portugueses vêem pornografia. Esses dados foram antecipados em exclusivo ao Negócios, com base em mais de 10 milhões de visitas ao site nos últimos meses por utilizadores portugueses.

 

Tempo de visita médio por origem geográfica.

Tempo de visita médio por origem geográfica.

 

Talvez a conclusão mais interessante seja o tempo que cada região do País passa dentro no site. Porquê? Porque existe uma divisão clara entre Norte e Sul. Os primeiros são, em média, mais rápidos. Os segundos, mais lentos. A campeã da velocidade é Viana do Castelo, com uma duração média de visita de 8m11s, menos 23 segundos do que a média nacional. Em Faro demoram mais 16 segundos.

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A flexibilidade que Bruxelas permite no défice

20/04/2015
Colocado por: Rui Peres Jorge

Zona Euro

 

No início do ano a nova Comissão Europeia apresentou a flexibilidade que interpreta nas regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Tanto o Governo como o PS querem beneficiar dessa possibilidade que se pode aplicar ao financiamento de investimento e de reformas estruturais, segundo condições restritas.

 

No caso português, será importante conseguir uma redução do saldo orçamental para menos de 3% este ano, para assim conseguir beneficiar em 2016. Dada a situação económica nacional, a flexibilidade seria possível para financiar investimento ao abrigo do plano Juncker e reformas estruturais desde que muito bem explicadas e quantificadas.

 

Mas vejamos a regras em mais detalhe e a forma como se aplicam em várias condições.

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Até 2020, Portugal vai crescer menos que durante a “década perdida”

17/04/2015
Colocado por: Nuno Aguiar

Durante os últimos anos, ouvimos falar da década passada – 2001 e 2010 – como uma “década perdida” para a economia portuguesa, devido ao crescimento muito baixo do produto interno bruto (PIB) durante esse período. Mas e se eu lhe disser que Portugal deverá crescer ainda menos nesta década do que na anterior? Que expressão vamos usar para os próximos anos?

 

grafico pib II

Perdido*

adjectivo

  1. Que se perdeu.
  2. Arruinado.
  3. Inutilizado.
  4. Naufragado.
  5. Esquecido.
  6. Disperso, espalhado.
  7. Louco de amor.
  8. Corrupto, cheio de vícios.

 

Foi esta a classificação escolhida para caracterizar uma década em que Portugal cresceu apenas 0,8% (2001 a 2010). A inspiração era Japonesa. Depois de dez anos de crescimento muito forte na década de 80, o Japão entrou num ciclo de estagnação e inflação baixa (ou até negativa), que se arrastou dos 90 até aos 00. Duas décadas. Lembra-lhe alguma coisa?

 

Portugal, que tinha crescido em média 3% ao ano entre 1991 e 2000 e 3,8% na década de 80, sofreu uma travagem significativa entre 2001 e 2010 para os já referidos 0,8%. Vários artigos foram escritos sobre o tema na comunicação social, utilizando a “alcunha” japonesa.

 

No entanto, os novos dados publicados esta semana pelo FMI no World Economic Outlook mostram um futuro ainda mais cinzento para a economia nacional. Embora tenha revisto em alta o crescimento para 2015 (1,6%), antecipa um arrefecimento progressivo nos próximos cinco anos até perto de 1% no final da década.

 

Entre 2011 e 2020, o PIB português avançará ao ritmo médio de apenas 0,2% ao ano. Um resultado influenciado por três fortes recessões nos anos de crise mais profunda.

 

É caso para perguntar: onde está o efeito das reformas estruturais? Portugal, segundo o seu Governo e o próprio FMI, executou com sucesso o programa de reformas estruturais com que estava comprometido. O resultado é um crescimento próximo de 1% ao ano? Reformas mal feitas ou optimismo excessivo em relação ao seu impacto?

 

Caso as previsões mais pessimistas do FMI se confirmem, que palavra utilizaremos para caracterizar este período em que entrámos? Se 20 anos depois estamos cada vez mais perdidos, se calhar é altura de declarar “morte presumida“.

 

 

*Definição Priberam

 

NOTA: De referir que o Governo já apresentou o seu cenário macroeconómico, que é significativamente mais optimista que o FMI, antecipando um crescimento de 2,4% entre 2017 e 2019. Também já se sabe que o PS antecipa que o PIB evolua a um ritmo superior a 2% (com a implementação de outras políticas).