A OCDE, utilizando dados do Eurostat, fez uma actualização da factura. Os dados foram publicados no Economic Survey of the Euro Area, divulgado esta semana.
Portugal aparece em terceiro lugar, com um impacto global de 1,3% do PIB e a Irlanda, como esperado, na primeira posição (mais de 20% do PIB empenhado no salvamento da banca).
Estes são valores acumulados para 2008-2010 e dizem exclusivamente respeito ao valor do défice orçamental. Mais curiosa é a composição destes impactos ao longo dos vários anos, que podem ser avaliados utilizando recursos do Eurostat. Na maioria dos casos, o Estado começa por assumir responsabilidades com institutições financeiras logo em 2008, que não têm qualquer tradução orçamental; mas, à medida que o tempo passa, as garantias começam a aparecer, pouco a pouco, nas contas do défice.
Até aqui, o fardo carregado pelo contribuinte parece relativamente pequeno: 0,9% do PIB não é, seguramente, um valor muito elevado – pelo menos, se o termo de comparação forem as previsões mais catastrofistas feitas no início da crise financeira (2007/8). Foi gasto muito dinheiro? Foi. O que a análise aos números do Eurostat mostra é que os gastos foram rapidamente recuperados, fosse através da venda dos activos absorvidos, fosse através da obtenção de receitas como juros e dividendos (provenientes dos activos comprados).
Por outro lado, recomenda-se alguma prudência, já que parece haver um “lagging” claro entre a assunção de compromissos (garantias, nacionalizações, etc.) e a cristalização destes compromissos como “buracos” nas contas. Tendo em conta a quantidade de passivos financeiros que estão neste momento sob responsabilidade do Estado, talvez seja ainda cedo para cantar vitória.
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