Os mercados estão hoje a pedir uma taxa próxima de 7,5% para emprestar dinheiro a Portugal a cinco anos, tendo superado o que exigem para emprestar a 10 anos, escreve o Negócios.
Uma das primeiras regras que se apreende quando se estuda mercados financeiros estabelece uma relação simples entre risco e rendibilidade: só se ganha mais, correndo mais riscos (é certo que não é bem assim mas, enfim, em nome da sanidade mental e dos bons princípios aceita-se a regra). Cedendo à simplificação, os mercados estarão hoje a dizer que já têm mais medo de Portugal a cinco do que a dez anos.
Compreende-se o sentimento no mercado: daqui a dez anos, Portugal até pode estar bem – talvez sim, talvez não; já sobre os próximos cinco anos poucos têm dúvidas de que serão marcados por uma recessão, vários anos de crescimento baixo, e até, num cenário verdadeiramente mau, por uma reestruturação de dívida. É por isto que todos os países que até agora pediram ajuda ao FMI e UE experimentaram uma inversão da curva de rendimentos (juros mais elevados no curto, do que no longo prazo) pouco tempos antes do resgate.
Por enquanto, a inversão da curva ainda se fica pelo médio face ao longo prazo. Mas não estranhe se, nos próximos dias, os mercados vierem mesmo a pedir juros mais levados a dois ou três anos do que a cinco e a dez. Se assim for, o mais certo é que o conselho de hoje no editorial do Financial Times (só com subscrição) para que Portugal peça ajuda acabe por se concretizar mais cedo do que tarde. Um conselho que foi também o de Simon Johnson, ex-economista chefe do FMI.
A Cimeira da Zona Euro na sexta-feira poderá ser decisiva para Portugal. Isto, claro, se o leilão de dívida a dois anos e meio anos desta quarta-feira não acabar com as dúvidas.
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