Passos Coelho em contra-mão com o FMI?

31/01/2011
Colocado por: Elisabete Miranda

Teresa Ter-Minassian repete por várias vezes que não tem trocado opiniões sobre Portugal com os seus colegas e ex-colegas do FMI. Que fala apenas a título pessoal, e nada mais. Mas quando se passou 37 anos a trabalhar no Fundo Monetário Internacional, vários deles como directora do departamento de Assuntos Orçamentais, a sua opinião ajuda a perceber o tipo raciocínio económico que domina a instituição.

 

Na entrevista que dá hoje ao Negócios, a economista elogia as medidas de consolidação orçamental do Governo e vê uma ajuda internacional, do FMI e da UE, apenas como um reforço para credibilizar o pacote de ajustamento. Mas… apesar de o essencial estar feito, há ainda margem para a adopção de algumas medidas mais (Teresa Ter-Minassian não diz que elas serão indispensáveis, mas o FMI sim).

 

Então e que medidas poderão ser essas?

 

Portugal tem ainda algum espaço para aumentar a carga tributária – claro que o aumento da taxa do IVA é bastante pesado, mas também poderia reduzir a despesa fiscal e também quiçá, a reduzir o âmbito de aplicação das taxas reduzidas do IVA, e continuar a combater a evasão fiscal. Do lado da despesa claro que o funcionalismo público continua a ser muito elevado em relação ao PIB, mesmo comparando com a situação internacional, por isso é necessário continuar o esforço para reduzir o consumo publico, reduzir alguns subsídios.

 

Ora, as sugestões deixadas do lado da receita correspondem precisamente aos dois pontos que estavam na proposta de Orçamento do Estado para 2011 e que acabaram muito mitigados por pressão política do PSD.

 

Pedro Passos Coelho já afirmou que não tem medo de governar com o FMI. Mas, se lá chegar, terá de dar outra vez o dito pelo não dito?

Elisabete Miranda