Afinal há um distrito em que Relvas é bem-vindo: a Guarda
Miguel Relvas no Parlamento. Fonte: Bruno Simão/Negócios
A contestação a Miguel Relvas tem aumentado de tom esta semana: os protestos de alguns estudantes impediram o ministro de discursar
numa conferência organizada pela TVI. Na noite anterior Relvas foi
interrompido em Gaia, mas pôde prosseguir a sua intervenção, contando,
para isso, com a defesa enérgica de Joaquim Jorge. Relvas até se juntou aos manifestantes, entoando “Grândola Vila Morena”.
Mas Miguel Relvas é bem-vindo em, pelo menos, um dos distritos do País.
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Política do BCE beneficiou mais o centro da Europa
Vítor Constâncio e Mario Draghi, vice-presidente e presidente do BCE na conferência de imprensa mensal de 7 de Fevereiro Fonte: Ralph Orlowski/Bloomberg
É talvez a análise económica mais interessante nas notícias de hoje. O
Financial Times dá conta de uma análise do Barclays ao financiamento
obtido no mercado de capitais pelas empresas europeias na segunda metade
de 2012 (Eurozone core cashes in on cheap borrowing).
As empresas sedeadas em França, Alemanha, Bélgica e Holanda terão
aumentado em termos líquidos o seu financiamento em 37 mil milhões de
euros em empréstimos baratos, beneficiando das medidas adoptadas pelo
BCE para baixar risco da região. Já em Itália, Espanha, Portugal e
Grécia o sector empresarial não financeiro aumentou o seu endividamento
mercado apenas 12 mil milhões de euros em termos líquidos, um montante
concentrado em grandes empresas como a Telecom Itália e Telefonica. Ao
mesmo tempo, escreve o jornal, estes países viram o financiamento
bancário reduzir-se 65 mil milhões de euros. A fragmentação da Zona Euro
pode ter-se reduzido, mas o problema mantém-se agudo. Além disso,
estamos também a ler:
2. Carney says his Job is helping with BoE refounding.
O futuro presidente do Banco de Inglaterra assume uma refundação na
autoridade monetária britânica. Carney, que sai do Banco de Canadá, tem
defendido que um banco central deve ter como referência de actuação o
PIB nominal e não a inflação, como acontece com a maioria dos bancos
centrais.
3. G-20 signals support for japan easing without yean talk.
Os líderes do G-20 voltaram a vincar a importância dos principais
blocos e países permitirem que as suas moedas flutuem ao sabor dos
fundamentais económicos, mas suavizaram a posição sobre o Japão, que
cuja política monetária recente tem explicitamente favorecido uma
desvalorização do Yen.
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Governo explica ao País a reforma que não vai fazer
Pedro Passos Coelho no parlamento Fonte: Jornal de Negócios
No discurso que fez ao país para explicar as consequências
da ajuda externa, a 3 de Maio de 2011, José Sócrates começou por
anunciar o que não constava do acordo com os credores:
Não se
mexe no 13º mês, nem no 14º mês, nem se substitui estes subsídios por
títulos de poupança, não se mexe no 13º mês, nem no 14º mês dos
reformados, não se prevê cortes no salário mínimo, não há cortes nas
pensões acima dos 600 euros, mas apenas na acima dos 1500 euros, está
expressamente admitido o aumento das pensões mínimas, não tem previstos
cortes na função pública, não terá de haver revisão constitucional, não
existirão despedimentos na função pública, nem aumento na idade de
reforma, a CGD não será privatizada, mantém-se a orientação
tendencialmente gratuita do serviço nacional de saúde, a escola pública
mantém-se, não há privatização da segurança social, nem plafonamento das
contribuições, nem alteração da idade de reforma.
Nos últimos dias, o discurso do Governo de Passos Coelho tem sido idêntico.
Os mais protegidos do desemprego? Mais de 45 anos e no quadro
Os últimos dados do INE mostram um cenário absolutamente desolador no
mercado de trabalho português, com a maior destruição trimestral de
emprego desde a chegada a troika a Portugal e um novo máximo de 16,9% da
taxa de desemprego. Em apenas três meses, desapareceram 125 mil postos
de trabalho. O fenómeno foi transversal a quase toda a sociedade, com
algumas excepções. Uma delas é especialmente interessante de analisar: o
número de empregos ocupados por quem tem mais de 45 anos e está
integrado nos quadros da empresa aumentou ligeiramente no último
trimestre de 2012, face ao mesmo período do ano anterior (0,2%). Este
segmento representa um terço da totalidade do emprego por conta de
outrem.
Uma economia em estado de choque
Economia terá contraído 3,2% em 2012, revelou o INE.
Este é o resultado de um último trimestre do ano muito negativo que
desapontou a maioria das previsões. Rui Bernardes Serra, do Montepio,
salienta que foi mesmo o pior trimestre desde o início de 2009, “quando a
economia mundial se encontrava em plena Grande Recessão” e diz que a
contracção do PIB em 2013 deverá ficar entre os 2% e os 2,5%. O
resultado do trimestre é tão mau que a equipa de economistas do NECEP,
da Universidade Católica, admite que possam existir factores
excepcionais com grande impacto nos resultados, como o ajustamento aos
anúncios de austeridade do Governo. É o nono trimestre de recessão,
vincam. Ricardo Santos, do BPN Paribas (em inglês), refere um “choque de
confiança” e aponta para uma recessão de 2,7% em 2013.
Nota
do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do
Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos
gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP
(Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições
menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios
trabalha e que agora fica também ao seu dispor.