Onde estão as rendas económicas

09/03/2012
Colocado por: Pedro Romano

Ainda acerca das rendas económicas do sector não transaccionável, que a “troika” criticou na última avaliação do Programa de Ajuda Económica e Financeira, apresentamos em baixo mais alguns dados acerca da evolução dos preços na economia portuguesa durante os últimos 10 anos. Esta informação complementa a da entrada Prioridades trocadas nas reformas estruturais.  

 

Desta vez, utilizámos a base de dados do Eurostat, que fornece números numa base mensal, para comparar os deflatores de Portugal e da média da Zona Euro para os sectores transaccionável e não transaccionável. O deflator de cada sector é obtido através de uma média simples (e não ponderada) de várias classes de bens e serviços. Considerámos que as classes 1, 2 e 3 são transaccionáveis e que as classes , 5, 6, 7, 8 e 9 são não transaccionáveis. As classes 10 e 11 são híbridas, pelo que foram excluídas.

 

 

 

Se no primeiro caso a evolução dos preços nacionais mimetiza a evolução dos preços internacionais (até no perfil de sazonalidade, que é evidente em cada ano), no segundo caso nota-se um crescimento desproporcionado de preços entre Portugal e a Zona Euro. O diferencial acumulado dos últimos 12 anos atinge cerca de 20%, embora este valor deva ser lido com prudência (já que é uma média aritmética, e não ponderada, da variação de preço de cada classe de bens e serviços).

 

Fizemos um cálculo adicional, que consiste em comparar a variação de preços de Portugal com a variação de preços da Zona Euro para cada classe. Tentamos assim individualizar os “focos” de rendas económicas (assumindo, obviamente, que variações superiores à média traduzem rendas efectivas e não outro tipo de fenómenos). A tabela apresenta valores para as classes 4 a 9. O número representa o rácio entre o índice de preços de Portugal em 2012 e o índice de preços da Zona Euro. Quanto maior o valor, maior a diferença de crescimento de preços em Portugal face à Europa.

 

 

É contudo importante ter em conta que nem todos estes sectores têm um peso semelhante na estrutura de despesa da economia. Se avaliarmos esta estrutura através do Índice de Preços do Consumidor, a educação tem uma importância marginal (2,4%), mas a categoria “casa, água, electricidade e gás” representa 11,3% do total.

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