O “Sr. euro” é Draghi, pelo menos para os EUA

08/11/2012
Colocado por: Rui Peres Jorge

Número de contactos entre Timothy Geithner e responsáveis envolvidos na crise Europeia entre Janeiro de 2010 e Junho de 2012 

 

 

 

Fonte: “Tim Geithner and Europe’s phone number”, Jean Pisani-Ferry

 

“Para quem é que ligo, se quiser ligar para a Europa?” A pergunta retórica que é atribuída a Henry Kissinger – celebrizada por ilustrar da dificuldade de articular posições com a Europa – é finalmente respondida por Jean Pisani-Ferry, num “post” publicado recentemente no Bruegel, o think-tank que dirige. Uma análise aos registos de contactos (telefónicos e reuniões) entre Timothy Geithner, o secretário do Tesouro dos EUA, e vários responsáveis políticos envolvidos na crise europeia (entre Janeiro de 2010 e Junho de 2012), revela como o problema foi resolvido pelo actual governo norte-americano: Geithner ligou para mais de uma dezena de pessoas. Entre elas destacam-se a liderança do FMI (114 contactos), seguida dos presidentes dos BCE Trichet/Draghi (58 contactos). Schauble foi contactado apenas 36 vezes. E Van Rompuy é quase ignorado, mostram as conclusões de Pisani-Ferry.

 

 

É a Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA, que é atribuída a famosa frase: “Para quem é que ligo, se quiser ligar para a Europa” Fonte: direitos reservados 

 

Para Pisani-Ferry da análise aos contactos de Timothy Geithner destacam-se três conclusões: a importância do FMI na crise europeia, o papel de destaque do BCE, e a importância dos ministros das Finanças alemão e francês:

 

First, the data confirm the key role played by the IMF and the frequency of contact it has with the US Treasury Secretary. Nevertheless, there were significantly more contacts with European policymakers (168 against 114), which can be regarded as indicative of the direct involvement of the US administration in European policy discussions;

 

Second, the ECB emerges on top of all European institutions, far ahead of the European Commission and even further ahead of the Eurogroup, for which only two contacts are recorded (a G3 conference call in March 2011 and Geithner’s participation in a Eurogroup meeting in Poland in September 2011). There is little doubt that for the US Treasury, “Mr Euro” is first and foremost the ECB president. This finding is especially striking, as the ECB’s institutional interlocutor is the Fed, not the US Treasury.;

 

Third, there have been many more bilateral contacts with the German and French finance ministers than with the European Commission or the chair of the Eurogroup. This confirms the driving role of major national capitals.

 

Vale a pena ler o resto da análise de Pisani-Ferry, nomeadamente sobre a intensidade dos contactos ao longo dos vários picos da crise.

 

Rui Peres Jorge