Depois da embriaguez vem a ressaca. É para isso que existe o medicamento Guronsan: para ajudar a aliviar a dor de cabeça provocada pela ingestão exagerada de álcool. Neste Orçamento do Estado, o raciocínio do Governo parece ser o mesmo: depois da farra do Partido Socialista, o Executivo faz as vezes de colega de quarto e oferece um documento de estratégia orçamental que tenta mitigar as dores da folia dos últimos anos.
Gaspar nos encontros de Tóquio, entre FMI e Banco Mundial. Fonte: Haruyoshi Yamaguchi/Bloomberg
Tem sido esta a argumentação do Governo e do PSD para justificar as medidas inscritas no Orçamento do Estado para 2013 e tentar calar as duras críticas que, curiosamente, o tornam também no Orçamento do Estado mais bélico de sempre. À medida que o tempo vai passando, a descrição dos erros é cada vez mais descontraída.
Logo após o anúncio de Pedro Passos Coelho sobre mexidas na TSU, a 7 de Setembro, Miguel Frasquilho estendeu ao PS a responsabilidade pela medida que não chegou a ser aplicada. “Ao PS ficaria bem um pouco de modéstia e que reconhecesse os erros que cometeu no passado”, sugeriu.
Acossado pela oposição, no Parlamento, Álvaro Santos Pereira foi um pouco mais além. “Foram anos de festa. Agora estamos todos a pagar a factura da vossa festa. Estamos a pagar e com juros os disparates do passado”. “Esta factura é a factura da festa socialista”, sentenciou, na passada quinta-feira, o ministro da Economia, quando iniciou a sua intervenção no Parlamento.
Ontem, na audição a Vítor Gaspar na Comissão de Orçamento e Finanças, o deputado Carlos Santos Silva, do PSD, usou, provavelmente, a palavra que descreve com maior categoria o que é uma grande folia. “Este é o Orçamento da desbunda socialista”, explicou, para defender a solução encontrada pelo Executivo.
Resta ver o efeito que o medicamento vai ter.
O Orçamento Guronsan