Uma análise da revista “The Banker” traça o paralelismo entre a crise bancária no Japão nos anos 90 e a actual situação europeia. Em ambos casos um “boom” económico e imobiliário deram lugar a dolorosos processos de desalavangem no sistema financeiro. Da comparação, conclui-se que a crise bancária europeia está para ficar e também que “os bancos europeus enfrentam um desafio maior que os seus equivalentes japoneses no inicio dos anos 90”.
A seu favor os bancos europeus têm o facto de as empresas locais não estarem em tão más condições como as japonesas na década de 90%, mas enfrentam uma crise de dívida soberana que nunca aconteceu no Japão e que está a destruir os balanços das instituições europeias.
Além disso, continua a revista, os bancos nipónicos continuaram com acesso relativamente facilitado a financiamento, via poupanças locais, enquanto os europeus dependem muito dos mercado por grosso, onde neste momento não há vontade para emprestar dinheiro a instituições europeias. (como fica evidente do volume de empréstimos concedido pelo BCE).
Na comparação entre crises, a revista sublinha que os bancos europeus não têm vindo a reduzir os activos ao ritmo que os bancos japoneses fizeram no início da década de 90, o que “pode ser um sinal de que há mais desalavancagem dolorosa pela frente na Europa”, lê-se no artigo.
“Em termos de rendibilidade, a experiência japonesa sugere, uma vez mais, que a dor pode estar só a começar para a Europa”, avisa ainda a revista, que sublinha que os bancos europeus, em termos agregados, registaram retornos sobre os activos negativos em 2011, sendo que, no Japão, após o primeiro ano de retorno negativo, seguiram-se vários anos difíceis. Levou mais de uma década até que as instituições japoneses conseguissem, em 2007, atingir a rentabilidade europeia.
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