O porta-voz do partido de Ângela Merkel para os assuntos económicos defendeu abertamente a demissão do primeiro-ministro italiano, que esta tarde volta a jogar o seu futuro político na arena parlamentar.

 

Em entrevista à Bloomberg TV, o porta-voz da CDU alemã, Michael Fuchs, referiu que a crise na terceira maior economia da Zona Euro se deve sobretudo à falta de credibilidade de Sílvio Berlusconi. Fuchs, que foi presidente da associação alemã de empresas exportadoras, sobe assim a pressão para o afastamento do líder transalpino, eleito pela última vez em 2008.

 

Para já, Sílvio Berlusconi promete ajustar contas com os deputados que (ainda) suportam o seu Executivo, mas que podem estar prestes a deixá-lo cair pelo abandono do grupo parlamentar. “Quero ver quem me trai”, exclamou, citado pelo diário “La Repubblica”.

 

Em causa está a aprovação de um relatório sobre as contas de 2010 que, em circunstâncias normais, passaria sem qualquer polémica como um documento de rotina. Mas que acabou chumbado numa primeira votação no mês passado. Caso volte a não reunir o apoio suficiente dos deputados, Berlusconi pode mesmo demitir-se e convocar então eleições antecipadas.

 

Atentos a isto, os mercados voltam hoje a penalizar a incerteza em Roma: os juros subjacentes à dívida pública italiana voltaram a quebrar novos máximos. As “yields” da dívida italiana subiram ontem para máximos desde a entrada no euro ao atingirem os 6% a dois anos. Esta terça-feira, a taxa de juro das obrigações italianas a 10 anos já subiu para 6,69%, renovando um recorde desde a entrada na Zona Euro.