Manuel Alegre avisou Fernando Nobre – apresentado no domingo como cabeça-de-lista do PSD pelo círculo de Lisboa nas legislativas de 5 de Junho – do “equívoco” que é “partir do princípio que os votos são transferíveis”. Até porque, argumentou ao microfone da Antena1, “os eleitores da esquerda, nomeadamente os socialistas, que se enganaram uma vez não se vão enganar uma segunda vez”.
O histórico militante do PS, que no Congresso deste fim-de-semana em Matosinhos se reconciliou em definitivo com a família socialista, obteve mais de um milhão de votos como candidato independente nas Presidenciais de 2006.
Nas eleições de 2011, já como candidato apoiado por três partidos (PS e BE e PCTP/MRPP) não conseguiu sequer aproximar-se dessa cifra, recolhendo pouco mais de 800 mil votos.
Parte dos votos perdidos nas urnas a 23 de Janeiro terão transitado precisamente para a candidatura do presidente da AMI, que convenceu quase 600 mil eleitores (14%). Em Junho poderá especular-se de novo sobre o itinerário da “cruz”, expressão da vontade democrática dos portugueses.
Sobre o tema da ajuda externa (em Janeiro apenas um cenário que se afigurava como provável), a figura do dia na agitada cena política nacional dizia em entrevista ao Negócios que “o FMI não vem aí com uma varinha mágica e pós de ‘perlimpimpim’ para nos pôr direitos e responsáveis. Se entrar em Portugal este Orçamento [para 2011] vai parecer uma brincadeira, a maioria da população portuguesa vai esta numa situação financeira tremenda e os impactos sociais vão ser brutais”. Ver aqui o vídeo editado da entrevista, publicada a 13 de Janeiro.