As exportações continuam com bom desempenho. Os dados do comércio internacional divulgados hoje pelo INE dão conta da continuação do bom desempenho das exportações, mas também de um abrandamento das importações. Gonçalo Pascoal, do Millennium bcp, sublinha que o contributo positivo do comércio externo para o PIB poderá estar a diminuir, mas também que no total do ano até Agosto a receita das exportações equivaleu a 82% dos gastos com importações.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP (Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Gonçalo Pascoal – Gabinete de estudos do Millennium bcp
1. Os dados relativos a julho-agosto do comércio internacional de bens revelam a persistência das tendências anteriores, de queda das importações e aumento das exportações, avaliadas em valores nominais e em termos homólogos. No acumulado do trimestre, as importações de bens desceram face ao período homólogo 0.6% (-8.5% no 2º trimestre) e as exportações subiram 10,4% (+7.3% no segundo trimestre). A moderação na queda das importações, e a respetiva redução do ritmo de variação face às exportações, poderá decorrer de ausência de sazonalidade e do aumento do preço da principal componente de importação (combustíveis e lubrificantes) no período. O aumento das exportações continua a beneficiar do dinamismo de países de destino fora da UE. Embora constitua uma informação muito preliminar (apenas se refere aos bens e em valores nominais) estes dados poderão indiciar um abrandamento do contributo da procura externa para o crescimento no terceiro trimestre;
2. Destaca-se, ainda, no acumulado do ano, a melhoria muito significativa ao nível da taxa de cobertura das importações de bens pelas exportações de bens, em cerca de 10 p.p. para 82%. Todas as classes de grupos de produtos apresentam uma melhoria neste indicador, mas esta é mais pronunciada ao nível do material de transporte e das máquinas. Combustíveis e produtos alimentares, apesar de melhorarem, apresentam ainda uma situação muito deficitária, com taxas de cobertura de, respetivamente, 35% e 60%. A retração do consumo interno sobressai nestes dados, não só através da consolidação da posição excedentária ao nível das exportações de material de transporte mas também no equilíbrio da balança de bens relativos a bens de consumo (taxa de cobertura de 103% contra 93% há um ano)
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