Os números finais das exportações de 2010 geraram algum entusiasmo. A razão vem explicada abaixo, em forma de gráfico. Um crescimento muito significativo das vendas de bens ao exterior (o INE não contabiliza os serviços), numa altura em que as contas externas são, para muitos economistas, a prioridade número um. A variação é nominal, uma vez que não há deflatores publicados mensalmente, mas é, ainda assim, notável.
Quão relevantes são estes números?
1) Um ponto importante a salientar é que o “brilharete” de 2010 representa uma reacção à grande queda verificada em 2009. De facto, o valor das exportações de 2010 não conseguiu atingir o valor registado em 2007, apesar de os preços terem aumentado desde então.
2) Outro ponto relevante é o facto de o INE não publicar no seu destaque uma série longa das exportações, que ajudaria a colocar as coisas em perspectiva. Quem tiver paciência, pode fazê-lo através das bases de dados (pouco “user-friendly”, diga-se) do site. Chegará a algo deste género:
O resultado é bom? É… mas:
1) está longe de ser um recorde histórico. Em 2006, as exportações já tinham avançado quase 25%, depois de terem tombado 7,2% no ano anterior. Em 2000, a taxa de crescimento também rondou mais ou menos o que se verificou em 2010 – e isto sem o poderoso efeito de base associado ao comportamento fortemente negativo do ano anterior.
2) mais relevante, talvez seja mesmo olhar para o que aconteceu aos outros países da Zona Euro. Irlanda, Bélgica e Chipre não aparecem no quadro, já que o Eurostat, por razões que desconheço, não revela os seus resultados. Estes dados, retirados das Contas Nacionais, são apenas relativos ao período Janeiro-Setembro, não incorporando ainda o quarto trimestre. Mas, acreditando que os valores finais não serão substancialmente diferentes, é possível apresentar um ranking preliminar.
Apesar de todas as ressalvas, é consideravelmente menos impressionante.
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