Lembram-se da Argentina? A Argentina é um caso particular na economia internacional. Abandonou um regime de câmbios fixos com os Estados Unidos no início da década passada, entrou em “default” parcial da sua dívida externa e impôs controlos de capitais. O processo foi traumático (o PIB caiu 10%) mas, a partir daí, não se pode dizer que as coisas tenham corrido mal, com a economia a crescer entre 8 e 9% ao ano. Milagres do “default”?
Talvez não. Uma das críticas feitas por alguns observadores da situação argentina é que as estatísticas são muito pouco fiáveis – os valores da inflação, em particular, estariam a ser bastante subestimados, ocultando assim o aumento do custo de vida e aumentando artificialmente o crescimento do PIB (e não é difícil: basta que o Índice de Preços no Consumidor seja utilizado para deflacionar uma grande parte do Produto).
Agora, o FMI emitiu um comunicado a dar o seu parecer. O Executive Board reuniu-se para analisar um relatório acerca do caso argentino e concluiu que a Argentina precisa mesmo de aumentar a qualidade das suas estatísticas oficiais. O FMI “lamenta a ausência de progresso” no alinhamento da medição da inflação “com as práticas estatísticas internacionais” e “tomou nota” da intenção de Buenos Aires de tomar medidas para melhorar a qualidade das Contas Nacionais, utilizadas para medir o PIB. A Argentina tem agora seis meses para provar que o “milagre” da última década não foi mero “erro” estatístico.
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