Desemprego continua(rá) em máximos

01/02/2011
Colocado por: Rui Peres Jorge

Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium BCP, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.  

 

As estimativas mensais de desemprego calculadas pelo Eurostat apontam para que a taxa de desemprego tinha ficado inalterada em 10,9% este mês em Portugal, confirmando assim uma ligeira melhoria no final do ano que, no entanto, não deverá resistir ao abrandamento económico de 2011, diz José Miguel Moreira, do Departamento de Estudos do Montepio.

 

José Miguel Moreira, do Departamento de Estudos do Montepio

 

1. Segundo as estimativas mensais publicadas pelo Eurostat, a taxa de desemprego em Portugal ter-se-á se mantido inalterada em 10,9%, em Dezembro, depois do registo de Novembro ter sido revisto em baixa, em 0.1 p.p., mas após esta ter permanecido, entre os meses de Maio e Setembro de 2010, em 11,1%, um máximo desde o início da série, em Janeiro de 1983, continuando, assim, a revelar um mercado bastante deteriorado.

 

2. Com efeito, e não obstante alguns sinais de melhoria evidenciados pelos últimos dados mensais – designadamente pelos referentes ao desemprego registado -, que parecem, inclusive, sugerir a proximidade da inversão de ciclo deste mercado, a verdade é que a situação deteriorada em que o mercado laboral se encontra mantém-se como um dos principais constrangimentos para a economia portuguesa, devendo, designadamente num ano que se espera difícil (embora, eventualmente, menos negativo do que o que tem vindo a ser avançado por algumas entidades), sofrer uma deterioração adicional.

 

3. De resto, os indicadores mais prospectivos, como as “Expectativas de Emprego dos Empresários (próximos 3 meses)” do “survey” da Comissão Europeia, depois de terem evidenciado um comportamento globalmente favorável nos dois últimos meses de 2010, vieram, em Janeiro, dar conta de uma degradação da situação, passando a sinalizar, do ponto de vista empírico, uma estagnação do emprego, depois de 5 meses consecutivos a sugerir criação de postos de trabalho na economia. Por sua vez, os consumidores (mais sensíveis às medidas de austeridade anunciadas) mantiveram, grosso modo, as suas “Expectativas de Desemprego” para os próximos 12 meses, mas após 3 subidas consecutivas, que tinham colocado o indicador no nível mais elevado desde Junho de 2009, um valor que se revela teórica e empiricamente consistente com um aumento do desemprego na economia portuguesa.

 

4. Assim, consideramos que dificilmente os sinais de melhoria observados no final do ano passado poderão revelar-se sustentáveis perante uma nova recaída da actividade económica, conforme se espera (designadamente neste 1º trimestre do ano), devendo, infelizmente, esta aparente inversão de ciclo no mercado laboral não passar, para já, de isso mesmo.

Rui Peres Jorge