Com a queda do Governo, um pedido de financiamento externo da UE e FMI está provavelmente mais próximo. Mas será que isso afecta o destino da Cimeira de hoje ou a forma como Portugal poderá ser intervencionado?
Quanto à Cimeira, a queda do Governo não deverá fazer grande diferença nas decisões essenciais. Como frisa Vítor Bento, trata-se de decidir sobre mecanismos disponíveis para todos os países. Como o Negócios escreveu ontem, a Comissão trata com qualquer Governo, mesmo de gestão. E como o PSD comunicou aos mercados, Passos Coelho cumprirá a redução de défice.
Já sobre o tipo de ajuda, a conclusão é diferente: se o pedido de financiamento se precipitar, e dado que o modelo de apoio mais flexível – o que permite ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira comprar dívida publica em mercado primário – não deverá ser acordado antes de Junho, então não restará a Portugal outra hipótese que não recorrer ao FEEF no moldes que foram facultados à Irlanda, como vinca Wolfgang Munchau, no FT (num artigo caustico sobre a Cimeira de hoje)
Será isto melhor ou pior para Portugal? Do ponto de vista económico a resposta é impossível de dar. Mas uma coisa parece clara: o Governo e Bruxelas preferiam aguentar um pedido de ajuda até que o novo mecanismo do FEEF ficasse disponível (o de compras directas de dívida pública no mercado primário, que implicaria empréstimos de menores quantidades e à medida que Portugal precisasse de financiamento)
O Governo apostou nisso no campo político – como se viu após a Cimeira de 11 de Março – e até no financeiro (emitiu já divida pública para passar por Abril sem um pedido de ajuda e aguentar até Junho). A confiar nos sinais chegados do BCE e da Comissão, os líderes europeus também veriam ver esta hipótese com melhores olhos: os empréstimos seriam de menor dimensão (o valor total dependeria da duração da intervenção), e Portugal não ficaria excluído do mercado como acontece com Irlanda e Grécia, evitando o trauma e as dificuldades do regresso.
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