No dia em que a Moody's baixou (mais uma vez) o rating a Portugal (e não só), a agência Lusa publicava uma notícia com a análise de economistas portugueses em França. Cristina Semblano, economista da CGD a residir no país faz uma análise desassombrada sobre a realidade portuguesa, constatando que, pelo menos por enquanto, não há aos olhos dos mercados diferenças significativas entre Portugal e Grécia. Eis o retrato que deixou (bolds nossos):
Já a economista responsável pelo Serviço de Estudos e Planeamento da Caixa Geral de Depósitos em Paris, Cristina Semblano, defende, pelo contrário que, “embora o discurso possa ser diferente, França não considera a situação portuguesa distinta da grega“, referindo que “todos sabem qual vai ser o desfecho da situação em Portugal“.
A situação em Portugal “é muito semelhante à da Grécia”, afirma a ecomista, ressalvando o facto de o acordo com Portugal ter sido feito um ano depois. “Os passos seguidos são os mesmos: as taxas de juro da dívida portuguesa no mercado secundário continuam a subir, prova de que os mercados também não foram tranquilizados com o acordo, a dívida portuguesa também aumentou, e, tal como a Grécia, Portugal também entrou na recessão“, argumentou.
Cristina Semblano considera que “a situação é grave, porque quer dizer que todos os sacrifícios que têm vindo a ser impostos às populações não só não serviram para nada, como contribuíram para agravar a situação dos países, a par dos riscos de explosão social“.
O artigo da Lusa fala também com Pascal de Lima, economista e investigador do Instituto de Estudos Políticos de Paris, que discorda (parcialmente) de Semblano, levando a agência a titular: “Economistas portugueses em França dividem-se na análise da perceção do país sobre Portugal”
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