Confiança na economia portuguesa

26/03/2012
Colocado por: Pedro Romano

Confiança, confiança, confiança. Este tem sido o discurso dominante das autoridades nacionais. Passos Coelho pede aos parceiros europeus que confiem na capacidade do Executivo de implementar as reformas e medidas acertadas no âmbito do Memorando de Entendimento. Vítor Gaspar pede aos mercados que confiem na solidez das contas públicas portuguesas. Álvaro Santos Pereira pede aos investidores que confiem na robustez da economia portuguesa. E até Carlos Costa pede confiança na situação da banca nacional.

 

Há confiança? Há sinais contraditórios. Destacamos três.

 

No domínio orçamental, Portugal está “escudado” pelo dinheiro do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), que lhe garante financiamento fora dos mercados pelo menos até meados de 2013. A confiança tem de ser aferida pelos leilões de dívida curto prazo feitos pelo IGCP. Aqui há razões para sorrir: para além da diminuição das taxas de juro exigidas pelos compradores, já começam a ouvir-se notícias de que os investidores internacionais estão lentamente a regressar aos leilões.

 

No Investimento Directo Estrangeiro (IDE), há sinais difíceis de interpretar. Nos últimos dois meses, o saldo de IDE feito em Portugal (investimento menos desinvestimento) deu um salto grande, embora ele esteja provavelmente influenciado pelas privatizações. Por outro lado, o IDE manteve-se sempre em terreno positivo durante a crise. Houve uma quebra em 2007, mas que parece traduzir mais as dificuldades da economia global do que propriamente problemas nacionais, já que não há qualquer agravamento a partir de 2011, quando Portugal pede ajuda externa.

 

 

É na frente bancária que o défice de confiança parece mais sério. Olhemos para os depósitos. Há um contraste perfeito entre a tendência dos depósitos feitos pelos agentes nacionais e os depósitos feitos por unidades não residentes.

 

 

 

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