Curar a dívida com mais dívida?
É assim que a chanceler alemã tem “enquadrado” propostas de estímulos orçamentais na Zona Euro. Contudo, é precisamente isto que David Andolfatto propõe para os Estados Unidos. O argumento tem lógica: as taxas de juro “absurdamente” baixas que o Govero americano tem de pagar para emitir títulos de dívida sinalizam uma grande procura por obrigações deste género, e fazem subir a taxa de rentabilidade real dos investimentos financiados por dívida pública. O economista da Reserva Federal pergunta: será que não é possível encontrar projectos que tenham um retorno superior aos 1,8% de juros nominais exigidos ao Estado americano, e ao mesmo tempo fornecer ao mercado títulos altamente desejados? (no MacroMania). Além disto, também estamos a ler:
2. ULC and trade deficits, por Francesco Franco. Os Custos Unitários do Trabalho (CUT) estão no centro do alegado problema de competitividade das economias periféricas, mas são um indicador muito agregado. Num post no The Portuguese Economy, o professor da Universidade Nova mostra que os custos unitários da indústria manufactureira são um melhor “proxy” para captar os problemas de competitividade.
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Austeridade em causa
Não é só na Grécia que a austeridade está a ter dificuldades em colocar as contas em ordem. Chris Dillow faz as contas para o Reino Unido e mostra como as coisas também não estão a correr muito bem em terras de Sua Majestade. O blogger britânico descarta também os argumentos invocados pelo ministro das Finanças George Osborne (no Stumbling and Mumbling). Para além disto, também estamos a ler:
2. Does Europe have a Korean option? por Simon Johnson. O antigo economista-chefe do FMI – e um dos que previu que Portugal seria também arrastado para a ajuda externa – fala das soluções europeias para a crise e defende que, com ou sem reformas estruturais, a desvalorização do euro poderá ser a solução de último recurso (no Project Syndicate).
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A crise da zona euro… há 150 anos
A crise da Zona Euro não é nova. Na verdade, já “aconteceu” há cerca de 150, nos Estados Unidos. O paralelo histórico é feito em The 19th century lessons for the eurozone crisis management, por Adalbert Winkler (no Vox.eu). O economista argumenta que a situação actual da Europa, em que não há, na prática, um “lender of last resort”, era a situação comum nos EUA do século XIX, quando os vários bancos, privados de um banco central (a Fed foi um dos últimos bancos centrais a ser criados), geriam em conjunto as falências do sector, numa espécie de sistema mutualista. Segundo Winkler, os bancos da altura têm algumas lições para os políticos europeus de hoje. Também estamos a ler:
2. To end the slump, USA must spend, por Larry Summers. Summers defende um grande projecto de investimento público para os Estados Unidos, sem o qual a crise prolongar-se-á durante mais tempo. Os riscos de inflação são baixos, defende (no MIT News).
3. The problem with flat tax fever, por Robert Frank. Um dos mais interessantes microeconomistas do mundo académico ataca a ideia de uma “flat rate” e explica por que é que, apesar disso, o sistema fiscal americano tem de mudar (no New York Times).
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E se tivéssemos euros e dracmas ao mesmo tempo?
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Harold James, professor em Princeton e no Instituto Europeu de Florença, propõe que pensemos na seguinte proposta: e se a par do euro, permitissemos que a Grécia introduzisse de novo o dracma, permitindo uma desvalorização cambial (ainda que parcial) na economia grega. As duas moedas seriam aceites internacionalmente, mas o dracma valeria menos, e os gregos teriam os seus salários serem pagos em dracmas. Num artigo no Project Syndicate, James escreve “manter um leque de escolha entre moedas num enquadramento tanto nacional como internacional parece estranho e contra-intuitivo. Mas pode ser feito – e de facto já foi – e pode ser notavelmente bem sucedido a satisfazer a grande procura por estabilidade”. Vale a pena ler esta perspectiva histórica sobre várias moedas europeias, uma ideia que de resto já apareceu várias vezes nesta crise. Além disso, estamos também a ler:
2. Draghi faz diferente de Trichet… (Free exchange)
3. … mas Krugman avisa (aqui e aqui) que não há sinais de mudanças fundamentais em Frankfurt (Conscience of a Liberal)
4. Esta não é uma crise de dívida, mas sim uma crise nas instituições importantes do ponto de vista sistémico, analisa Chris Dillow (Stumbling and Mumbling)
5. Uma boa (e preocupada) análise aos juros e às pressões que Espanha e Itália enfrentam (Nada es Gratis)
6. Europa tem de avançar com obrigações europeias sem risco, defendem no Euro-nomics Markus K. Brunnermeier (Princeton University), Luis Garicano (London School of Economics), Philip R. Lane (Trinity College Dublin), Marco Pagano (University of Naples Federico II), Ricardo Reis (Columbia University), Tano Santos (Columbia University), David Thesmar (Hautes Etudes Commerciales, Paris), Stijn van Nieuwerburgh (NYU), Dimitri Vayanos (London School of Economics). Ricardo Reis explica a proposta num artigo no Dinheiro Vivo.
Não contem com um euro estável
Não contem com um euro estável, é o conselho do economista Ken Rogoff. O antigo economista-chefe do FMI está espantado com a força do moeda única e pesou os argumentos de um lado e do outro: um forte a favor da desvalorização e seis “assim-assim” a favor da valorização. Conclusão: não é líquido que a moeda europeia vá afundar, mas é certo que continuará instável (no Project Syndicate). Além disso, também estamos a ler:
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