Miguel Ordoñez (Banco de Espanha), Mario Draghi e Vítor Constâncio em Barcelona a 03 Maio Fonte: Angel Navarette/Bloomberg
Retirado do noticiário duas últimas semanas:
– Juros da dívida pública em Espanha duplicam no curto prazo e aumentam também no longo prazo
– Em Espanha aposta-se que o BCE regressa às compras quando os juros espanhóis atingirem os 6,5% escreve o Expansion. Na Reuters, 75% dos economistas diz que acontecerá nos próximos três meses
– A recessão na Grécia será maior que o previsto: a queda poderá chegar aos 5% este ano, escreveu o Les Echos, citando banco central grego.
– A periferia está a ficar cada vez maior, analisa o Cinco Dias
– Os governos têm de agir, a injecção de liquidez do BCE é apenas um analgésico, defendeu presidente do Bundesbank
– A Europa tem de apostar numa agenda de crescimento e isso é uma tarefa dos Governos afirmou Mario Draghi
Pouco mais de um mês depois do último grande empréstimo do BCE à banca a euforia está a dar lugar à apreensão na Zona Euro. Parece evidente que (muito) mais terá de acontecer para controlar a crise. O BCE está, de facto, como caracterizou Weidmann, a parecer-se cada vez mais como um administrador de analgésicos: a dor passa, mas o mal fica. O que fazer?
a) O BCE avançou na última semana com a sua receita: ao lado do “pacto orçamental” tem de existir um “pacto de crescimento” que, não travando a austeridade, defina uma trajectória de crescimento apostada em reformas estruturais, investimento comunitário e algum investimento privado. Para isso é tão ou mais importante conseguir desenhar uma visão clara da união daqui a dez anos. A ideia é mais integração (mas soa muito a pacto de estabilidade e crescimento…)
b) A “The economist”, por seu lado, concretizou recentemente um plano próprio de relançamento da Europa baseado em três vectores: menos austeridade, criação de algum tipo de Eurobonds, e instituição de um mecanismo comum de seguro e resolução de bancos.
Mas e então o BCE não poderá fazer mais nada que não seja administrar analgésicos que aliviem as dores da crise?
Não menosprezando a importância de um eficiente administrador de analgésicos (papel que o BCE continuará a desempenhar), há quem entenda que o banco central poderia e deveria fazer muito mais: deveria ser o credor de último recurso dos Estados. No Frente a Frente do massa monetária lançámos o debate (que se mantém até quinta-feira) sobre o tema com as posições de João Galamba (PS) e Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP).
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