E acabou: “a crise de DSK comunicada pelo FMI”
Terminou o suplício de comunicação para o FMI após a acusação que recaiu sobre o seu director-geral de abuso sexual de uma empregada de hotel em Nova Iorque. O FMI, manifestamente embaraçado, pautou-se pela distância face ao destino do seu líder, e Strauss-Khan acabou por se demitir na quarta-feira passada. O massa monetária foi colocando em linha as mensagens da equipa de comunicação de Washington. A crise do Fundo com DSK chegou assim ao fim, tem agora início a processo de selecção de um novo director-geral.
Sobre a Grécia, talvez valha a pena olhar para o Uruguai
Nos tempos que correm, é na América do Sul que os países periféricos da Europa parecem encontrar experiências relevantes para enfrentar as suas dificuldades. No caso português, e enquanto se negociava em Lisboa quem assinava o acordo com a troika, foi por várias vezes mencionado o exemplo brasileiro em 2002, quando Lula da Silva, então candidato a Presidente, escreveu ao povo brasileiro comprometendo-se com o acordo que o país tinha com o FMI – algo semelhante ao que PSD e PP acabaram por fazer.
Sobre o caso grego talvez valha a pena agora andar um ano para a frente, e um pouco para Sul, até ao reescalonamento da dívida feito pelo Uruguai em 2003.
A taxa de juro, finalmente, a taxa de juro sobre os 78 mil milhões
A taxa de juro, finalmente, a taxa de juro.
Bom, na verdade, ainda não é ainda possível saber exactamente a taxa de juro que Portugal vai pagar pelos 78 mil milhões de euros (Será preciso esperar pelo Ecofin de terça-feira). Ainda assim, declarações esta semana do Comissário Europeu Olli Rehn permitem ter já uma ideia muito aproximada do custo de financiamento esperado para o Estado português. Ao que tudo indica, com o empréstimo da UE e FMI, Portugal ficará sujeito a a uma taxa de juro média anual ligeiramente acima dos 5%, para um empréstimo com maturidade de 7,5 anos, mas com tendência a subir.
Sobre endividamentos privado e público
Ainda sobre dívidas e bancarrota, vale a pena olhar para os últimos valores de endividamento público e endividamento externo (publico e privado) das economias mais fragilizadas da Zona Euro. Portugal está demasiado endividado, seja pelo sector público, seja pelo sector privado. Mas enquanto a dívida pública mantém-se próxima da linha vermelha de 90% do PIB traçada por Rogoff e Reinhart (com o endividamento público ao exterior a chegar a 50% do PIB). Já a dívida externa privada ascende a 140% do PIB.
As dívidas, a bancarrota e o confrangedor debate entre PS e PSD
Ontem, a RTP promoveu um debate sobre o acordo com a troika, que contou com Eduardo Catroga (PSD), Pedro Silva Pereira (PS) e António Pires de Lima (CDS). Antes, na TVI, degladiaram-se Paulo Portas e José Sócrates em entrevista. Nos dois confrontos o essencial dos argumentos repetiu-se: o PS promoveu um inexplicável aumento da dívida pública que arrastou o país para a bancarrota, diz a direita; a crise internacional, promovida pela irresponsabilidade dos mercados, forçou à actuação dos Estados, gerando aumentos de dívida pública em todo o mundo, sendo especialmente madrasta para os países periféricos do euro, responde o PS.
Este é um debate confrangedor. Como é evidente, o principal problema português não é o elevado nível de dívida pública, nem essa é a principal fraqueza nacional (como aliás a própria troika o admite). Mas já vamos a essa parte: antes, os números sobre o endividamento do Estado.