O buraco de dois mil milhões – as contas
O Negócios avança hoje com uma avaliação aos principais desvios orçamentais no Orçamento, escrevendo que o Governo enfrenta um desvio de dois mil milhões de euros para a meta de 4,5% do PIB. A história teve algum impacto no debate parlamentar de hoje. Aqui ficam algumas notas técnicas sobre os cálculos que fizemos por aqui.
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Exportações afirmam-se como o único motor da economia
INE confirmou hoje que economia contraiu 0,1% no primeiro trimestre. A equipa do NECEP sublinha que estes dados são um bom arranque de ano, mas não alteram significativamente o diagnóstico sobre a economia portuguesa: PIB está a cair há seis trimestres consecutivos e deverá continua a cair e o único suporte da economia são as exportações. Com este bom arranque de ano, Rui Bernardes Serra, do Montepio, revê a estimativa de recessão para -2,5%, mas avisa para riscos elevados decorrentes, nomeadamente, dos gastos com investimento terem aumentado muito este trimeste, um comportamento que não deverá ser sustentável. Paula Carvalho, do Banco BPI, destaca o sector externo, sublinhando que “exportações são melhor notícia”. O BPI aponta para uma recessão de 3%. Bárbara Marques do Millennium bcp evidencia também o contributo de uma recuperação em cadeia do sector da construção, aconselhando, tal como o NECEP, cautela na leitura dos bons resultados do primeiro trimestre.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Também há no FMI quem defenda as contracções orçamentais expansionistas
Duas economistas do FMI voltaram aos impactos no crescimento da consolidação orçamental para argumentar que, para níveis de dívida pública muito elevados, poderá mesmo haver efeitos expansionistas da austeridade. Isto porque, defendem, a propensão ao consumo das famílias poderá de facto aumentar à medida que o endividamento público diminuiu (ou, de forma mais exacta, à medida que o rácio de dívida pública para rendimento das famílias caiu). Os efeitos são mais fortes para Austrália, Bélgica, Canadá e Espanha, defendem Rina Bhattacharya e Sanchita Mukherjee, na newsletter trimestral de investigação do FMI.
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Também já mentiu, não mentiu?
A enchxurrada (obrigado Ana Mendes Leal) de mentiras, falcatruas, abusos de poder nas mais variadas áreas da sociedade não deixa ninguém indiferente. O fenómeno mediatizado tende também a personalizar todo o “Mal” em alguns dos nossos homens e mulheres que ocupam a praça pública. Pois bem. A realidade é bem pior. Esses são casos limite de uma sociedade onde a maioria das pessoas mente, mesmo que pouco. Quem o diz é Dan Ariely, professor de economia comportamental na Universidade de Duke, que tem dedicado muito do seu tempo a perceber a mentira. Afinal porque mentimos?
O milagre do crescimento alemão
Parlamento alemão Fonte: Michele Tantussi/Bloomberg
Há uns dias, enquadrado no actual debate sobre crescimento, o Ifo, importante instituto alemão de estudos económicos, liderado por Hans-Werner Sinn, fez chegar um comentário sobre o tema às redacções, no qual se opunha à deriva pró-políticas de crescimento na UE. Avisava os políticos alemães que o objectivo destas tentativas do Sul é crescer à custa da Alemanha (“o que é compreensível”), mas esclarecia que as consequências seriam roubar poupança e crescimento futuro à maior economia europeia. Terminava com a frase: “É hora dos países periféricos do euro começarem a crescer usando as suas próprias poupanças”.