Aumento de preços abranda pelo segundo mês
Inflação baixou Outubro travada pelos combustíveis. Miguel Moreira do Montepio espera que o ritmo de abrandamento do aumento de preços continue para lá de 2012, apontando para uma inflação na casa dos 1% no próximo ano. Este é o limite inferior da expectativa de Filipe Garcia da Informação e Mercados Financeiros. Este ano a inflação deverá ficar o aumento homólogo de preços deverá ficar ligeiramente abaixo de 3%.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP (Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Mario Draghi está a fazer bluff?
Estará Mario Draghi a fazer “bluff” sobre os seus planos para salvar o euro? Esta é a pergunta que o Free Exchange deixa no ar. Vejamos porquê. Apesar de defender uma união bancária em toda a sua força (o que a teoria defende que implica supervisão comum de bancos e seguro pan-euro de depósitos comum) o Presidente do BCE parece estar a suavizar as condições dessa união, nomeadamente não defendendo um seguro de depósitos comum. Noutra frente, Draghi também parece cada vez mais relutante em usar o novo mecanismo de compra de obrigações aprovado pelo BCE, sinalizando que a condicionalidade associada será forte e que, mesmo com ela, não há garantias de intervenção do BCE, como sublinhou ontem para o caso espanhol. Além disso estamos também a ler:
2. EconoTrolls: An Illustrated Bestiary. Noah Smith faz uma inspirada caracterização das várias espécies de economistas. Vale (mesmo) a pena ler;
3. Target2 para miúdos. O Pedro Romano trocou-nos por outras paragens: vale a pena continuar a lê-lo agora no seu “Desvio Colossal”. Neste post salienta um dos temas mais quentes da política monetária: quem deve o quê a quem entre os bancos centrais do euro.
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O “Sr. euro” é Draghi, pelo menos para os EUA
Número de contactos entre Timothy Geithner e responsáveis envolvidos na crise Europeia entre Janeiro de 2010 e Junho de 2012
Fonte: “Tim Geithner and Europe’s phone number”, Jean Pisani-Ferry
“Para quem é que ligo, se quiser ligar para a Europa?” A pergunta retórica que é atribuída a Henry Kessinger – celebrizada por ilustrar da dificuldade de articular posições com a Europa – é finalmente respondida por Jean Pisani-Ferry, num “post” publicado recentemente no Bruegel, o think-tank que dirige. Uma análise aos registos de contactos (telefónicos e reuniões) entre Timothy Geithner, o secretário do Tesouro dos EUA, e vários responsáveis políticos envolvidos na crise europeia (entre Janeiro de 2010 e Junho de 2012), revela como o problema foi resolvido pelo actual governo norte-americano: Geithner ligou para mais de uma dezena de pessoas. Entre elas destacam-se a liderança do FMI (114 contactos), seguida dos presidentes dos BCE Trichet/Draghi (58 contactos). Schauble foi contactado apenas 36 vezes. E Van Rompuy é quase ignorado, mostram as conclusões de Pisani-Ferry.
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Multiplicador é o que um economista quiser
Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, assinou a avaliação do FMI aos multiplicadores orçamentais Fonte: Stephen Jaffe Bloomberg
A polémica em torno dos multiplicadores orçamentais – ou seja, da estimativa do custo da austeridade no crescimento – não parece ter fim. O último desenvolvimento foi uma dura resposta da Comissão Europeia às contas do FMI. Para Bruxelas um euro de austeridade rouba menos de um euro ao crescimento, defendeu esta semana, deixando críticias metodológicas ao estudo de Washington. Para o debate em Portugal isso significa que o multiplicador orçamental que Vítor Gaspar diz estar implícito no Orçamento (0,8 pontos) é até superior ao de Bruxelas (entre 0,5 e 0,7 pontos). É caso para dizer que o multiplicador é o que um economista quiser.
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Estudo da Economia precisa de mudar radicalmente
O Vox está a promover há algum tempo um debate sobre para que serve a economia e o que deve mudar no seu ensino. A este respeito, vale a pena ler um texto de Alan Kirman, Professor da Universite Paul Cezanne in Aix-en Provence. Algumas ideias: em vez de assumirem que a economia está naturalmente em equilíbrio e que por vezes é abalada por choques externos, os economistas deveriam admitir que “podem estar a lidar com um sistema que se auto-organiza e que, de tempos a tempos, experimenta grandes e rápidas mudanças”. No ensino da ciência, os economistas “deveriam gastar mais tempo a insitir na importância da coordenação como o principal problema das economias modernas, em vez da eficiência”. E, finalmente, “todos deveríamos lembrarnos de que o actual pensamento económico será um dia ensinado como história do pensamento económico”. Além disso, estamos também a ler:
2. 1892. A História é boa companheira em momentos históricos. Pedro Lains contribuiu revisitando a grande crise de pagamentos portuguesa do final do século XIX. Vale também a pena ler um exercício que fez há um ano sobre as necessidades de financiamento externo português: a crise dos 30?.
3. Spain's bad bank lures investors with steep discounts. A Reuters dá conta de como o banco central espanhol planeia que o “bad bank” do país (que comprará aos bancos os maus créditos nos balanços) consiga captar o interesse de investidores privados. Os retornos podem chegar a 15%, diz o Banco de Espanha. A entrada de investidores privados é essencial para que o “bad bank” possa ficar fora das contas públicas.
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