Uma prolongada redução salarial
A “desvalorização real” por que as economias da periferia estão a passar tem conduzido a resultados substancialmente diferentes consoante os casos. Se na Grécia a pressão exercida pelo desemprego galopante não parece suficiente para reduzir os salários (e preços internos), na Irlanda o processo foi rápido e robusto. Em apenas três anos, a economia irlandesa reduziu em cerca de 12% os seus Custos Unitários do Trabalho (CUT) e parece ter readquirido a competitividade externa suficiente para voltar a crescer. O contraste entre as duas situações salta à vista.
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Todos à espera do BCE
O BCE acabará, mais cedo ou mais tarde, por intervir e conter o contágio da crise da dívida periférica. É esta a opinião (quase) consensual dos economistas que hoje escrevem na blogosfera e na imprensa internacional. James Surowiecki já cunhou um nome para a crise actual: “The avoidable crisis”, como explica hoje no New Yorker. Além disto, também estamos a ler:
2. The euro curse, por Paul Krugman. Suécia e Finlândia têm ambas situações orçamentais estáveis, mas a segunda está a registar custos de financiamento crescentes. Porquê? Krugman avisa: culpa do euro (no The Conscience of a Liberal).
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Curar a dívida com mais dívida?
É assim que a chanceler alemã tem “enquadrado” propostas de estímulos orçamentais na Zona Euro. Contudo, é precisamente isto que David Andolfatto propõe para os Estados Unidos. O argumento tem lógica: as taxas de juro “absurdamente” baixas que o Govero americano tem de pagar para emitir títulos de dívida sinalizam uma grande procura por obrigações deste género, e fazem subir a taxa de rentabilidade real dos investimentos financiados por dívida pública. O economista da Reserva Federal pergunta: será que não é possível encontrar projectos que tenham um retorno superior aos 1,8% de juros nominais exigidos ao Estado americano, e ao mesmo tempo fornecer ao mercado títulos altamente desejados? (no MacroMania). Além disto, também estamos a ler:
2. ULC and trade deficits, por Francesco Franco. Os Custos Unitários do Trabalho (CUT) estão no centro do alegado problema de competitividade das economias periféricas, mas são um indicador muito agregado. Num post no The Portuguese Economy, o professor da Universidade Nova mostra que os custos unitários da indústria manufactureira são um melhor “proxy” para captar os problemas de competitividade.
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Ensino vocacional – uma ajuda de curto prazo?
O ensino vocacional, por oposição ao ensino universitário mais “clássico”, visa dotar os alunos de um ajustamento mais fácil às condições específicas do mercado laboral. Em vez de dotar os jovens de competências genéricas que terão de ser trabalhadas no local de trabalho específico, o ensino voacional promove um “fine-tuning” àquilo que é hoje requerido pelos empregadores.
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Austeridade em causa
Não é só na Grécia que a austeridade está a ter dificuldades em colocar as contas em ordem. Chris Dillow faz as contas para o Reino Unido e mostra como as coisas também não estão a correr muito bem em terras de Sua Majestade. O blogger britânico descarta também os argumentos invocados pelo ministro das Finanças George Osborne (no Stumbling and Mumbling). Para além disto, também estamos a ler:
2. Does Europe have a Korean option? por Simon Johnson. O antigo economista-chefe do FMI – e um dos que previu que Portugal seria também arrastado para a ajuda externa – fala das soluções europeias para a crise e defende que, com ou sem reformas estruturais, a desvalorização do euro poderá ser a solução de último recurso (no Project Syndicate).
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