Até onde está Macedo disponível a ir nas negociações com os médicos?

06/07/2012
Colocado por: Marlene Carrico

 

A poucos dias de uma greve de 48 horas, que promete paralisar hospitais e centros de saúde, o ministro da Saúde veio reiterar a sua disponibilidade para retomar as negociações com os médicos. Mas será que Paulo Macedo consegue ceder ao ponto de convencer os médicos?

 

O anúncio do concurso para contratação de 2,5 milhões de horas de serviços médicos ao preço mais baixo, em meados de Junho, foi a “gota de água”. Os médicos, que esperam há três anos pela grelha salarial das 40 horas, decidiram convocar uma greve de dois dias – para 11 e 12 de Julho – em protesto contra todas as medidas de “desvalorização da profissão”.

 

Perante a ameaça de greve, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, rompeu as negociações que vinham decorrendo há meio ano, mas entretanto foi dando alguns sinais de abertura. Começou por anunciar a contratação de mais de mil médicos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a abertura do concurso para o grau consultor, que permite progredir na carreira, o que não acontecia desde 2005. Além disso, alterou algumas condições do polémico concurso dos médicos “tarefeiros”: fixando um máximo de 1,9 milhões de horas para este ano e acrescentando ao critério preço, a valorização das competências clínicas.

 

Os sindicatos dos médicos (Sindicato Independente dos Médicos e Federação Nacional dos Médicos), não ficaram convencidos com as medidas e dizem que continuam por responder uma série de reivindicações.

 

Hoje, no Porto, Paulo Macedo disse estar disponível para retomar negociações, ainda durante o dia de hoje ou no fim-de-semana, caso os médicos desconvoquem a greve que o está a deixar “claramente preocupado”. E prometeu apresentar uma nova proposta de grelha salarial de 40 horas. Resta saber o que pode o ministro oferecer, num momento de tamanhas restrições orçamentais, e se os médicos aceitam. Até à data, as propostas feitas não convenceram os clínicos e já no passado, com Ana Jorge, não foi possível avançar com os novos valores por falta de disponibilidade financeira.

 

Os sindicatos, até aqui irredutíveis na sua decisão, continuam a dizer que se mantêm os motivos da greve, mas Jorge da Cunha, do SIM, disse hoje que vai analisar o assunto para decidir se mantém ou não a greve.

 

Marlene Carrico