A democracia aflita… e logo na Grécia

31/05/2011
Colocado por: Rui Peres Jorge

Nasceu na Grécia, espalhou-se pelo mundo que consideramos desenvolvido, mas está agora em apuros. E logo na terra-mãe. Jean Quatremer, no seu blogue Coulisses de Bruxelles, faz um retrato desolador da avaliação dos gregos sobre a política interna. Por exemplo: quase um quarto deseja um líder forte e entende que o Parlamento não pode ser um obstáculo para reformar o país.

 

O jornalista francês escreve sobre a crise na democracia grega decorrente da crise da dívida pública e da intervenção externa. Segundo uma recente sondagem:

 

a) 30% dos inquiridos preferia que o país fosse conduzido por um grupo de especialistas e tecnocratas em vez de políticos

 

b) 22,7% quer um líder forte, e o Parlamento não deve ser um impedimento para reformar o país 

 

c) Menos de um quarto dos inquiridos acredita que um governo eleito conseguirá resolver a crise

 

d) Deste descrédito na política interna resulta, continua o jornalista, que 53% dos gregos apoiem o controlo apertado da UE e do FMI (contra 44%), isto apesar da grande maioria discordar da austeridade.

 

 

A Grécia, tal como Portugal, acabou com uma ditadura e abraçou a democracia em 1974. Até pode bem ser que a corrupção na Grécia seja superior do que em Portugal, e que os gregos tenham mais razões de desconfiança do seu poder político. Mas não ouvir os comentários nas ruas de Portugal e achar que tudo fica por aí, é arriscar demasiado.

 

Rui Peres Jorge