Americanos escolhem dar mais poder ao Estado

09/11/2012
Colocado por: Nuno Aguiar

Apesar da crise, norte-americanos voltaram a escolher Obama. Fonte: Bloomberg

 

Nestas eleições, os Estados Unidos discutiram aquilo que Portugal se prepara para debater nos próximos meses: que funções deve o Estado desempenhar e que peso deve ter na economia? O contraste entre Mitt Romney e Barack Obama foi claro ao longo da campanha e a reeleição do democrata aponta para uma preferência de ter “mais Estado”.

 

O primeiro mandato de Obama arrancou com a maior crise financeira desde a Grande Depressão e obrigou o Presidente a colocar o Governo Federal no centro da recuperação da economia, transferindo algum do poder de Wall Street para Washington. A vitória de ontem assegura a preservação e continuação de algumas dessas políticas. A reforma do sistema de saúde – Obamacare – é para ficar, tal como uma regulação mais apertada do sector financeiro. Os norte-americanos mais ricos vão pagar mais impostos.

 

Escreve o “Financial Times”:

 

“As eleições deste ano serão lembradas maioritariamente como um referendo à gestão económica, se não mesmo a toda à filosofia de Governo. Depois de ter herdado uma economia a afundar, Obama afastou cortes de impostos regressivos e desregulação e recorreu a endividamento e intervenção estatal a um nível que já não se via desde 1930. Como Franklin Roosevelt, Obama procurou salvar o capitalismo de si próprio.”

 

Ainda assim, as sondagens à boca das urnas revelam algumas contradições entre o eleitorado. Por um lado, 60% dos norte-americanos defendeu uma subida de impostos, por outro 51% disse querer um Governo que preste menos serviços.

 

“O papel do Governo não é escolher quem ganha e quem perde, dizer às pessoas que tratamento devem ter e tomar conta do sistema de saúde. A resposta certa do Governo é saber como fazer o sector financeiro funcionar de forma mais eficiente”, argumentou Romney durante as eleições. “Alguns acreditam que se tirares a alguns para dares a outros tudo ficará melhor. Chama-se a isso redistribuição e nunca foi uma característica da América.”

 

Pelos vistos, os americanos não concordaram.

Nuno Aguiar