Segurança numa praia chinesa em Sanya, Hainan Province, China onde se reuniram os líderes do BRIC em Abril de 2011 Fonte: Qilai Shen/Bloomberg
A proposta dos chineses da Three Gorges para comprar 21,35% da EDP incomoda muita gente. É natural: a empresa é do Estado chinês, que não é conhecido por ser respeitador de direitos humanos, nem ambientais – nem sequer da democracia, que não têm. Mas há outra razão, que é puramente económica: a Europa tem medo do poderio chinês, nomeadamente nas infra-estruturas estratégicas de energia. Daí que grande parte das críticas feitas à Three Gorges, que é o concorrente que põe mais dinheiro em cima da mesa pela EDP, tem pura e simplesmente a ver com um facto: são chineses.
Mas Portugal não é o único país onde há aflições. Hoje, em Espanha, a Sacyr vendeu os seus 10% da Repsol. Fê-lo porque a própria Sacyr (construtora que comprou a portuguesa Somague há meia dúzia de anos) precisa de pagar amanhã um empréstimo de 4,9 mil milhões de euros que não tinha forma de pagar.
Os 10% foram comprados pela própria Repsol, que assim passa a ter 10% em acções próprias, que vai depois revender. Segundo o “El Mundo”, há três interessados: a Essar, um fundo soberano e a Sinopec.
A Essar é indiana, o fundo soberano é o do Qatar, a Sinopec é… chinesa.
Espanha é um país muito mais proteccionista que Portugal. Construiu um projecto de “campeões nacionais”, na banca, energia, construção. Agora acabaram-se as peneiras. Centros de Decisão Nacional? Pois, pois…
Daqui a dois dias, o Governo decide a quem vende a EDP.
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