Os blogues de economia têm proliferado nos últimos anos. Neste momento, há prémios Nobel (Paul Krugman, Gary Becker) e outras celebridades (Greg Mankiew, Brad DeLong) a postar activamente na blogosfera. Qual é o verdadeiro impacto destes blogues?
O Banco Mundial tratou o assunto num paper publicado recentemente. O estudo é essencialmente econométrico, e apoia-se na comparação de dados retirados de blogues (como número citações e referências) com dados extraídos da base de dados de papers RePEc. Os autores testaram três hipóteses: a) os blogues aumentam a divulgação de trabalhos académicos na área da economia; b) os blogues aumentam a importância e/ou notoriedade dos seus autores; c) os blogues aumentam o grau de conhecimento dos leitores.
Para testar a primeira hipótese, os autores analisaram os “downloads” de papers e as referências feitas a esses mesmos papers em blogues conhecidos. A regressão introduz alguns elementos de controlo para evitar problemas como causalidade invertida. Os detalhes podem ser facilmente consultados neste resumo, bem como alguns gráficos interessantes. Os autores concluem que um “link” aumenta imenso as visitas ao “paper” referido, mas os visitantes raramente fazem mais do que consultar o “abstract”. Parece contudo haver alguns efeitos duradouros, já que a probabilidade de o “paper” ser visitado nos meses seguintes também aumenta. “Spill over effects”?
A segunda hipótese é testada através da comparação entre a lista de 500 economistas mais citados (de novo retirada da base de dados RePEc) com os resultados de um inquérito no qual se perguntava quais os economistas considerados “mais respeitados, admirados ou dignos de reverência”. Os autores concluem que é de facto mais provável um economista “blogger” ser considerado “mais respeitados, admirados ou dignos de reverência” do que um que permanece à margem da blogosfera. O impacto do blogue nota-se sobretudo nos economistas que têm, em termos relativos, menos prestígio na academia. Ou, vendo as coisas por outro prisma, os que já estão à frente na lista dos mais citados têm menos a ganhar com a actividade de “blogger”. Rendimentos marginais decrescentes, talvez?
A última hipótese não parece confirmar-se. Os autores fizeram várias “sondagens on line” para identificar estudantes de doutoramento, investigadores e professores de economia de desenvolvimento que liam blogues, e cruzaram essas informações com os “papers” “linkados” nos blogues para o qual havia informação disponível. A leitura de “papers” era relativamente baixa. Uma nota interessante: os investigadores do Banco Mundial foram os que apresentaram a “taxa de leitura” mais baixa, abaixo dos docentes e alunos de várias universidades.
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