Ups, Passos Coelho desdiz o seu ministro das Finanças

17/07/2011
Colocado por: Rui Peres Jorge

Afinal foi mesmo encontrado um desvio orçamental de mais de dois mil milhões de euros nas contas públicas afirmou domingo Pedro Passos Coelho, que assim desdiz as explicações oferecidas durante a semana pelo seu ministro das Finanças Vítor Gaspar.

 

Domingo, segundo a Lusa, Pedro Passos Coelho afirmou, o que, segundo vários jornais, já tinha classificado como “desvio colossal” nas contas públicas:

 

À margem da festa de verão do PSD de  Vila Real, que decorreu nas Pedras Salgadas, [Pedro Passos Coelho] referiu que há um “desvio”  nas contas públicas “um pouco superior a cerca de dois mil milhões de euros”  e que é “preciso colmatar”. 

 

Parte da verba necessária será conseguida através da sobretaxa extraordinária  sobre o IRS, já anunciada para o subsídio de Natal, e o restante “terá que  ser corrigido do lado da despesa”.  

 

“O que significa que há muito próximo de dois mil milhões de euros que  precisam de ser absorvidos do lado da receita e do lado da despesa para  que até ao final do ano o objetivo que ficou fixado para o défice seja cumprido  e será cumprido”, salientou o governante.

 

Ora, em conferência de imprensa na semana passada, e quando questionado sobre a possibilidade de se poder quantificar o desvio encontrado nas contas públicas em cerca de dois milhões de euros, ou seja, os mil milhões de euros encontrados na despesa somados aos mais 800 milhões de encaixe do imposto extraordinário, Vítor Gaspar respondeu:

 

“Não aconselharia a fazer esse raciocínio”. “Não é que a sua soma esteja errada”, continuou depois com uma explicação sobre a lógica das primeiras medidas do ministério das Finanças: conter riscos. “O que nos levou a antecipar medidas de controlo de despesa e o imposto extraordinário foi a necessidade de seguir uma política orçamental robusta que possa absorver desenvolvimentos desfavoráveis” acrescentou, justificando a margem de conforto que ganhou para a sua gestão orçamental com o dramatismo da actual crise: nestas condições, “o fracasso não é uma opção”.

 

O imposto extraordinário será debatido na sexta-feira no Parlamento e o PS chamou Vítor Gaspar ao Parlamento para o questionar sobre a indispensabilidade da medida, preferencialmente ainda antes do debate de sexta.

 

Rui Peres Jorge