As limitações das sondagens e a vitória de Passos no debate com Sócrates

25/05/2011
Colocado por: Rui Peres Jorge

A divisão de opiniões sobre quem ganhou o debate entre Sócrates e Passos Coelho da passada sexta-feira dificultaram uma conclusão segura. Embora uma sondagem da Universidade Católica, feita especificamente para o efeito logo após o debate, tenha dado a vitória a Passos, muitos dos opinadores dividiram-se.

 

Na terça-feira, uma sondagem da Intercampus (para o Público e TVI) pareceu mostrar um início de descolagem do PSD (39,6%) face ao PS (33,2%) nas intenções de voto para as legislativas, algo que no Público se chamou de “sondagem da viragem“, alavancando em cima do debate. A vitória de Passos na sexta-feira anterior parecia confirmar-se. Mas, apenas um dia depois, as sondagens da Eurosondagem (para SIC/Expresso/Renascença) e da Universidade Católica (para Antena 1/ RTP/ DN e JN) desfizeram a tese e apontaram para empates técnicos entre os dois partidos.

 

Mas afinal, o debate foi ou não decisivo e ou houve ou não um vencedor? Pedro Magalhães, um dos maiores especialistas em sondagens,  dá um excelente contributo de análise no seu blogue, o Margens de Erro, sobre “o efeito dos debates” e a vitória de Passos Coelho no estudo de opinião da Católica. Uma conclusão: a sondagem incluiu mais simpatizantes do PSD do que do PS sendo, por isso, limitada na sua capacidade de representar o país.

 

Neste contexto de elevada volatilidade dos estudos de opinião e sondagens (vale a pena consultar o site da marktest com uma síntese de todos os resultados e com uma representação gráfica da média das sondagens), o Negócios foi falar com Pedro Magalhães (entrevista a sair em breve na edição em papel) que, entre outras reflexões, lamentou o facto de ter sido feita apenas uma sondagem sobre o debate: por melhor que seja, uma só sondagem vale sempre pouco (como de resto as restantes sondagens desta semana o mostram). 

 

Em baixo fica um excerto do que Pedro Magalhães escreveu no seu blogue (espaço obrigatório para quem quer reflectir sobre este tema) relativamente à sondagem da Católica sobre o embate televisivo entre os líderes do PSD e do PS:

 

(…) a “vitória” de Passos dá-se por duas razões.

 

Primeiro, enquanto que 74% dos simpatizantes do PS acharam que Sócrates ganhou, 88% dos simpatizantes do PSD acharam que Passos ganhou. Entre os restantes, houve empate para 21%, 34% achou que Sócrates ganhou e 34% achou que Passos ganhou.

 

Segundo, ao contrário do que sucede na população em geral, a amostra daqueles que assistiram ao debate tem mais simpatizantes do PSD que do PS. Por outras palavras:

– houve exposição selectiva: o debate atraiu desproporcionalmente os eleitores que se identificam com o PSD;
– entre os que assistiram, as prediposições dos eleitores fiéis ao PSD foram mais reforçadas pelo debate do que as dos eleitores fiéis ao PS;
– logo, o resultado final é que, das pessoas que assistiram, há mais gente que acha que PPC ganhou do que JS ganhou.

 

Entre os que simpatizam com outros partidos e os que não simpatizam com partido algum, 71% disseram que o debate não contribuiu para definir a sua intenção de voto (…)

 

 

 

 

Rui Peres Jorge