Pela primeira vez desde o início da crise, a destruição de postos de trabalho ocupados por mulheres está a superar a destruição de empregos ocupados por homens. O que acontece há dois trimestres consecutivos.
Fonte: INE e Negócios
Depois de vários meses de um padrão altamente penalizador do emprego masculino (não só em Portugal: nos EUA a recessão chegou mesmo a ser apelidada de mancession), a crise do emprego pode ter ganho ganhou um novo contorno: as mulheres, que historicamente enfrentaram uma taxa de emprego mais elevada, estão desde há meio ano a ser confrontadas com um ritmo de destruição de emprego superior ao dos homens.
Os factores que podem explicar esta alteração não são ainda claros. É por isso impossível saber da sua continuação no tempo. Há contudo alguns dados do INE que dão pistas de reflexão: nos últimos trimestres as três profissões com maiores perdas de emprego foram o pessoal dos serviços e as vendas, os operários e os operadores de instalações e máquinas. Ora estas são áreas onde que a presença feminina é mais forte do que, por exemplo, no sector da construção, maioritariamente masculino. São também sectores que poderão mais penalizados caso a crise continue e destrua a resistência relativa que demonstraram até agora.
À medida que a recessão se prolonga e a crise do emprego alastra, será natural que o padrão de destruição de emprego sofra alterações, começando a afectar os que ficaram mais protegidos no início da crise. Depois dos homens, as mulheres; depois dos menos qualificados, os mais qualificados. É cedo para conclusões. Mas com pelo menos mais um ano de recessão à frente, os riscos são elevados.
Fonte: INE e Negócios; valores em milhões
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