Num momento em que as exportações saltaram para o topo da agenda mediática, o Banco de Portugal publicou esta semana um artigo que destaca a importânica da experiência dos gestores no sucesso das estratégias exportadoras das empresas portuguesas. Oportuno, até porque os factores preço e salarial levam normalmente a vantagem (ou até o exclusivo) nos debates sobre como conseguir vencer a guerra das exportações.
Crédito: imagem retirada da página de Luca David Opromolla
Em “Managers' Mobility, Trade Status, and Wages”, Giordano Mion (London School of Economics, CEP e CEPR) e Luca David Opromolla (Banco de Portugal e UECE) encontram uma relação positiva significativa entre a contratação de gestores com experiência em áreas de exportação e o desempenho externo das empresas que os contratam. Ou seja, a probabilidade de uma empresa começar a exportar aumenta com a experiência “exportadora” do gestores que emprega.
Os dois economistas utilizam dados dos Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho e informação empresarial sobre exportações da responsabilidade do INE para fazerem “um retrato fino da experiência dos trabalhadores (especialmente dos gestores) e do seu fluxo entre empresas com diferente estatutos no comércio internacional”. Os autores vincam que “a riqueza dos dados permite-nos levar em consideração um conjunto rico de características, tanto das empresas como dos trabalhadores, entre as quais a localização do emprego, as qualificações e educação dos trabalhadores, a dimensão, produtividade e propriedade do capital das empresas”.
Entre as conclusões a que chegam, destacam três: por um lado, os gestores com experiência exportadora beneficiam de um prémio salarial que pode chegar aos 15% ao longo de sete anos (o mesmo não se verifica para os trabalhadores); por outro, as empresas que querem começar a exportar têm a ganhar em contratar gestores com experiência anterior; já no caso das empresas que já exportam, a contratação de gestores com experiência é relevante apenas para as mais pequenas.
Aqui ficam algumas das conclusões como apresentadas no artigo:
Overall, we find that the (for us) observable export experience corresponds to a premium for managers' wage only. Such premium is larger than the premium of being a manager with respect to a white collar and has both a level and a trend component that jointly lead to a whopping 15% premium over a 7 year interval.
Contrary to what is implicitly assumed in Muendler and Molina (2009), our evidence thus suggests that it is not the experience of all workers which is valuable to the export performance of a firm but only the experience brought in by managers
Our estimations indicate that a one standard deviation increase in the firm's share of managers' with export experience corresponds to about 35% more chances of starting to export. The impact is particularly strong for larger firms and is roughly of the same order of magnitude of the positive firm productivity effect. On the contrary, export experience acquired by managers from previous employers affects the capacity to keep exporting only in the case of small firms
- Carlos Costa e o colapso do BES. Negligente ou injustiçado? - 23/03/2017
- Os desequilíbrios excessivos que podem tramar Portugal - 21/03/2017
- A década perdida portuguesa em sete gráficos - 15/12/2016