Pelos vistos foi mesmo isto que aconteceu em Portugal. Como podem ler na edição de hoje do Negócios, a introdução de banda larga nas escolas portuguesas entre 2005 e 2009 implicou uma deterioração das notas, com maior impacto nos rapazes. A razão: a distracção que chega com o acesso a internet e que exigirá um cuidado especifico por parte do sistema de educação. Este é o resultado de um recente estudo apresentado no ISEG. O texto da edição de hoje segue em baixo:
“A introdução de banda larga nas escolas – uma das bandeiras dos executivos de José Sócrates na política de edcação – teve um impacto negativo generalizado nas notas dos exames nacionais de português e matemática do 9º e 12º anos, com maior impacto nos rapazes do que nas raparigas. Esta é a principal conclusão de um artigo recente assinado por Rodrigo Belo, Pedro Ferreira e Rahul Telang, da Carnegie Mellon University e das Universidades Técnica e Católica.
No estudo “Impact of Broadband in Schools: Evidence from Portugal” – que será submetido em breve para publicação na revista “Review of Economics and Statistics” e que foi apresentado na semana passada no ISEG – os autores escrevem que “em média, as notas baixaram cerca de 7,7% entre 2005 e 2008 e cerca de 6,3% entre 2005 e 2009 devido ao uso de banda larga”.
A explicação é simples: “o nosso argumento central para um declínio no desempenho dos estudantes é o de que a banda larga cria distracções”, escrevem. Este efeito é mais sentido entre rapazes do que raparigas, o que vai ao encontro “de um inquérito que indica que é mais provável os rapazes dedicarem-se a actividades que os distraiam do que as raparigas”.
Face a estes resultados, os autores concluem que não basta introduzir novidades tecnológicas nas escolas para melhorar o ensino: “os nossos resultados sugerem que a introdução desta tecnologia no ambiente escolar tem de ser complementada com políticas que a integrem no sistema de educação de forma a promover o uso produtivo da Internet”. Só assim, avisam, será possível que o acesso a banda larga “complemente o estudo tradicional em vez de ser usada para lazer”. E continuam: “Isto pode ser especialmente verdade para os estudantes no inicio do secundário que, sem monitorização adequada, poderão envolver-se em actividades que os distraiam”, escrevem como remate.
Este é o primeiro estudo conhecido que avalia o impacto desta linha de força da política de educação em Portugal nos últimos anos. E se os resultados surpreendem pela negativa, os autores fazem questão de sublinhar que, quando a análise passou a incluir mais um ano, (de 2005 a 2008 para 2005 a 2009) o impacto negativo atenuou-se, “o que pode significar que este efeito [negativo] por desvanecer com o tempo””
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