O problema não é novo, mas a coisa fica sempre mais excitante quando nos aproximamos dos grandes momentos. Ao que parece os governos europeus continuam a achar que intervencionar uma economia a seguir a outra resulta . O problema, claro está, é que até agora, resgatar um país, foi apenas um passo intermédio para o resgate seguinte. Isso mesmo leva Wolfgang Munchau, no seu artigo de opinião no Financial Times, a lembrar que depois de Portugal e Espanha, vêm a Bélgica e a Itália. Fomos olhar para as situações e previsões de crescimento e orçamentais destes países. Quando os mercados descobrirem…
Taxa de crescimento (FMI: 2011; 2014):
Portugal: -0.5%; 1,2%
Bélgica: 1,7%; 1,9%
Itália: 1%; 1,3%
Dívida (% do PIB) (FMI: 2011; 2014):
Portugal: 87%; 94,8%
Bélgica: 103,1%; 107%
Itália: 119,7; 119,4
Défice (% do PIB) (FMI: 2011; 2014):
Portugal: 5,3%; 5,7%
Bélgica: 5,1%; 5,2%
Itália: 4,3%; 3,2%
Situação política:
Portugal: governo com minoria e sob ameaça caso precise do FMI
Bélgica: país quase há um ano sem governo
Itália: Itália pode ter de ir a eleições em 2011
É claro que a Bélgica ou a Itália não são Portugal (já se começa a ouvir em Roma e Bruxelas). E sim, é verdade que têm, por exemplo, desequílibrios externos muito menores, e prespectivas de mercado trabalho melhores. Mas os últimos meses (e a evolução das taxas de juro para Itália e Bélgica nas últimas semanas) não têm sido auspiciosos para esta linha de argumentação. Mesmo antes do resgate português, os mercados já olham para Espanha. Bélgica e Itália dificilmente escaparão. Este ano promete.
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