É um eufemismo dizer que o livro de Henrique Raposo foi recebido com animosidade, principalmente na actual capital internacional da indignação: as redes sociais. É difícil dizer se o problema das pessoas é com aquilo que Raposo diz ou com a forma como o disse. Com o que escreveu dificilmente é, porque muitos admitiram não ter lido o livro.
Depois da ira e dos insultos, começam a surgir as primeiras recensões. O nosso objectivo não é fazer uma crítica literária a “Alentejo Prometido”, mas sim pegar em alguns factos muito concretos referidos no livro e tentar ver se os dados os corroboram. Escolhemos aqueles que causaram mais nervosismo e deixámos de fora afirmações pouco surpreendentes (como Alentejo ter uma baixa densidade populacional) e para as quais não conseguimos encontrar dados e que o autor não revela a fonte (números de criminosos no final do século XIX ou a emigração de distritos alentejanos nos anos 50). Ficámos com suicídios, violações, uniões de facto, filhos fora do casamento, catolicismo, divórcios e analfabetismo.