Arquivo mensal: Fevereiro 2012

“Não diga asneiras, porra!”

07/02/2012
Colocado por: Pedro Romano

“Não diga asneiras, porra. Quem está a dizer que não gosta de emigrantes?”. A frase é do deputado comunista Agostinho Lopes, que hoje perdeu a cabeça no Parlamento, numa troca de argumentos com o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira.

O verdadeiro keynesiano


Colocado por: Pedro Romano

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A “falácia do verdadeiro escocês” é uma estratégia, muito conhecida em filosofia, para evitar dar o “braço a torcer” numa discussão. A wikipédia tem um bom sumário da ideia, mas podemos dar um exemplo. Suponha o leitor que um religioso afirma que “nenhum crente é capaz de assassinar”. Perante a constatação de que há de facto crentes que assassinam, é possível ensaiar uma fuga argumentando que “esses” crentes, em particular, não são “verdadeiros crentes”. O religioso fugiu à refutação simplesmente redefinindo o termo de partida para excluir os casos incómodos. O que é que tudo isto tem a ver com economia? Segundo Jonathan Portes, algo semelhante está a passar-se no debate entre macroeconomistas. What does keynesianism really mean? é um texto imperdível, publicado no Vox.eu. Além disso, também estamos a ler:    

Entretanto, na Argentina…

03/02/2012
Colocado por: Pedro Romano

Lembram-se da Argentina? A Argentina é um caso particular na economia internacional. Abandonou um regime de câmbios fixos com os Estados Unidos no início da década passada, entrou em “default” parcial da sua dívida externa e impôs controlos de capitais. O processo foi traumático (o PIB caiu 10%) mas, a partir daí, não se pode dizer que as coisas tenham corrido mal, com a economia a crescer entre 8 e 9% ao ano. Milagres do “default”?

 

Talvez não. Uma das críticas feitas por alguns observadores da situação argentina é que as estatísticas são muito pouco fiáveis – os valores da inflação, em particular, estariam a ser bastante subestimados, ocultando assim o aumento do custo de vida e aumentando artificialmente o crescimento do PIB (e não é difícil: basta que o Índice de Preços no Consumidor seja utilizado para deflacionar uma grande parte do Produto).

 

Agora, o FMI emitiu um comunicado a dar o seu parecer. O Executive Board reuniu-se para analisar um relatório acerca do caso argentino e concluiu que a Argentina precisa mesmo de aumentar a qualidade das suas estatísticas oficiais. O FMI “lamenta a ausência de progresso” no alinhamento da medição da inflação “com as práticas estatísticas internacionais” e “tomou nota” da intenção de Buenos Aires de tomar medidas para melhorar a qualidade das Contas Nacionais, utilizadas para medir o PIB. A Argentina tem agora seis meses para provar que o “milagre” da última década não foi mero “erro” estatístico.