Arquivo mensal: Novembro 2011

A crise da zona euro… há 150 anos

07/11/2011
Colocado por: Pedro Romano

A crise da Zona Euro não é nova. Na verdade, já “aconteceu” há cerca de 150, nos Estados Unidos. O paralelo histórico é feito em The 19th century lessons for the eurozone crisis management, por Adalbert Winkler (no Vox.eu). O economista argumenta que a situação actual da Europa, em que não há, na prática, um “lender of last resort”, era a situação comum nos EUA do século XIX, quando os vários bancos, privados de um banco central (a Fed foi um dos últimos bancos centrais a ser criados), geriam em conjunto as falências do sector, numa espécie de sistema mutualista. Segundo Winkler, os bancos da altura têm algumas lições para os políticos europeus de hoje. Também estamos a ler:

 

2. To end the slump, USA must spend, por Larry Summers. Summers defende um grande projecto de investimento público para os Estados Unidos, sem o qual a crise prolongar-se-á durante mais tempo. Os riscos de inflação são baixos, defende (no MIT News).

 

3. The problem with flat tax fever, por Robert Frank. Um dos mais interessantes microeconomistas do mundo académico ataca a ideia de uma “flat rate” e explica por que é que, apesar disso, o sistema fiscal americano tem de mudar (no New York Times).

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E se tivéssemos euros e dracmas ao mesmo tempo?

04/11/2011
Colocado por: Rui Peres Jorge

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Harold James, professor em Princeton e no Instituto Europeu de Florença, propõe que pensemos na seguinte proposta: e se a par do euro, permitissemos que a Grécia introduzisse de novo o dracma, permitindo uma desvalorização cambial (ainda que parcial) na economia grega. As duas moedas seriam aceites internacionalmente, mas o dracma valeria menos, e os gregos teriam os seus salários serem pagos em dracmas. Num artigo no Project Syndicate, James escreve “manter um leque de escolha entre moedas num enquadramento tanto nacional como internacional parece estranho e contra-intuitivo. Mas pode ser feito – e de facto já foi – e pode ser notavelmente bem sucedido a satisfazer a grande procura por estabilidade”. Vale a pena ler esta perspectiva histórica sobre várias moedas europeias, uma ideia que de resto já apareceu várias vezes nesta crise. Além disso, estamos também a ler:

 

2. Draghi faz diferente de Trichet… (Free exchange)

 

3. … mas Krugman avisa (aqui e aqui) que não há sinais de mudanças fundamentais em Frankfurt (Conscience of a Liberal)

 

4. Esta não é uma crise de dívida, mas sim uma crise nas instituições importantes do ponto de vista sistémico, analisa Chris Dillow (Stumbling and Mumbling) 

  

5. Uma boa (e preocupada) análise aos juros e às pressões que Espanha e Itália enfrentam (Nada es Gratis

 

6. Europa tem de avançar com obrigações europeias sem risco, defendem no Euro-nomics Markus K. Brunnermeier (Princeton University), Luis Garicano (London School of Economics), Philip R. Lane (Trinity College Dublin), Marco Pagano (University of Naples Federico II), Ricardo Reis (Columbia University), Tano Santos (Columbia University), David Thesmar (Hautes Etudes Commerciales, Paris), Stijn van Nieuwerburgh (NYU), Dimitri Vayanos (London School of Economics). Ricardo Reis explica a proposta num artigo no Dinheiro Vivo.

Não contem com um euro estável

03/11/2011
Colocado por: Pedro Romano

Não contem com um euro estável, é o conselho do economista Ken Rogoff. O antigo economista-chefe do FMI está espantado com a força do moeda única e pesou os argumentos de um lado e do outro: um forte a favor da desvalorização e seis “assim-assim” a favor da valorização. Conclusão: não é líquido que a moeda europeia vá afundar, mas é certo que continuará instável (no Project Syndicate). Além disso, também estamos a ler:

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O artigo que ia tramando Mário Draghi


Colocado por: Rui Peres Jorge

O Negócios publicou ontem um trabalho de balanço sobre mandato de Trichet e os desafios que se colocam a Mário Draghi. Amanhã avançaremos com um perfil mais detalhado do italiano que tomou esta semana o controlo do BCE. Dessas pesquisas recuperamos aqui um artigo académico que Draghi assinou em 2002 (com Francesco Giavazzi e Robert Merton), e que lhe veio a dar muitas dores de cabeça quase dez anos depois, quando concorreu à liderança do banco central.

 

Em 2002, Mário Draghi foi contratado pelo Goldman Sachs para um cargo de vice-presidente na divisão internacional do banco (Foi aí colega de António Borges, também vice-presidente no Goldman Sachs Internacional, e que é hoje o homem forte do FMI para a Europa). Alguns meses depois da contratação, o italiano assina um artigo com os dois notáveis académicos, um deles prémio Nobel, no qual defendia o uso de derivados financeiros pelos governos como forma de optimizar a gestão da dívida pública (no NBER e aqui em versão gratuita).

 

Os problemas para Draghi surgiram pelo facto do Goldman Sachs ter sido acusado de fomentar e ajudar a Grécia a esconder o verdadeiro nível da sua dívida pública usando derivados financeiros

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