O centro e o resto
As propostas para partir a Zona Euro em duas podem parecer (para já?) estranhas, mas a verdade é que desde há algum tempo – e sobretudo nos últimos dois anos – que a união monetária já anda, na prática, a duas velocidades. Uma situação que o gráfico de baixo, publicado pela Comissão Europeia, atesta bem.
Fonte: Previsões económicas de Outono da Comissão Europeia
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Hoje, no Parlamento
Propostas para partir a Zona Euro
Fonte: Wolfgang von Brauchitsch/Bloomberg News, Jean-Claude Juncker, presidente do eurogrupo, numa reunião em 2008
Segundo a Reuters, o casal Merkozy estará a discutir a possibilidade de partir a Zona Euro e avançar com uma união monetária a duas velocidades. A opção, ainda que considerada distante pela maioria, tem vindo a merecer atenção crescente nos meios intelectuais.
Como comentava há uns dias um quadro comunitário ao Negócios, uma saída de qualquer país da Zona Euro só acontecerá quando ou os governos do euro, ou o país, ou o BCE concluírem que não têm mesmo outra saída para a crise. As razões são naturalmente políticas, mas também muito práticas: os actuais níveis de endividamento intra Zona Euro (infografia do New York Times a não perder, via Baseline Scenario) implicariam perdas demasiados elevadas e arriscadas. E é por isso que, por enquanto, as fugas de informação de Merkozy parecem mais uma resposta/ameaça à revolta dos devedores que os gregos podem representar, como bem vincou Gros.
Ainda, assim, dado o assustador avanço da crise da dívida soberana, que esta semana pôs de joelhos a Itália – com mais dívida que todos os outros periféricos juntos – o cenário de desmoronamento da Zona Euro nunca esteve tão próximo. E com ele têm surgem várias propostas, de natureza muito diferente, para um reforma radical da Zona Euro. Vale a pena olhar para elas.
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Exportações de bens já pagam 74% das importações
As exportações portuguesas abrandaram o ritmo de crescimento, mas ainda assim avançaram mais de 10% em termos homólogos. Bárbara Marques, do Millennium bcp, realça que o forte dinamismo das exportações por oposição ao das importações, dará este ano um forte contributo para um reequilíbrio do défice externo e salienta que os destinos fora da UE já explicam 25% das exportações. A economista avisa, contudo, que há algumas nuvens no horizonte que é preciso analisar com cuidados nos próximos meses. Rui Bernardes Serra, do Montepio, diz que apesar da ligeira degradação na frente externa, Setembro registou o mais baixo défice externo desde Julho de 2004. Ambos os economistas esperam um contributo positivo da frente externa para o crescimento da economia no terceiro trimestre.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium BCP, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.